quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Rio 2016 - A emoção




Ouviram do Ipiranga um grito! Não! Não era do Ipiranga, deve ter sido do Maracanã, ou de algum outro canto do Rio de Janeiro. Era a torcida brasileira! Esse povo heróico que mesmo sem dinheiro lotou os estádios com seu brado retumbante para apoiar seus atletas nas mais diversas modalidades. Com braços fortes nossos atletas remaram, chutaram, bloquearam, levantaram, lutaram, dançaram e saltaram.
Desafia o nosso peito a emoção. A emoção de ouvir e cantar o Hino Nacional Brasileiro; de ver a nossa bandeira à frente das outras. Naquele momento, Brasil, um sonho intenso de me orgulhar de ti não só no esporte. E a vontade de que um raio vívido de amor e de esperança realmente desça a esta terra e melhore o nosso país.
Ó meu gigante pela própria natureza, reconhece a tua força e o quanto és, belo e és forte. E o que o teu futuro espelhe-se nos nossos atletas que lutaram até o fim com o objetivo único de vencer em nome do Brasil.
Levanta desse berço esplêndido ó meu amado pais e vai à luta. Se nossos bosques têm mais vida, que tenham também dignidade, respeito e segurança para os que vivem nele. Só assim poderemos promover em teu seio mais amores.
Brasil de amor eterno que nossos atletas sejam símbolo para aqueles que ainda nos envergonham, seja no jeitinho brasileiro de “tirar o seu” até as grandes somas que afetam a economia de todo um país. E que diga o verde louro desta flâmula, segurança no futuro e aprendizado com o passado. 
Mas se ergues da justiça a clava forte, verás que um filho teu levanta cedo e vai à luta. Que mesmo temendo a morte por uma bala perdida ou um assalto, terra adorada, ainda estamos aqui porque acreditamos em ti.
Entre outras mil,  talvez seja realmente mais fácil morar na Tailândia, na Flórida, ou até no Panamá. Porém és tu Brasil a minha pátria amada e como filho deste solo é por ti que eu choro meu amado e idolatrado país. 
Foi emocionante ver o meu pais inteiro torcer, chorar e cantar. Chorar um choro bom. Cantar entre lágrimas. Lágrimas de orgulho de ser brasileiro. Enquanto choro penso na luta que travaram para chegar até ali. Quantas noites sem dormir, quantos desafios! Que inspirados nos esforços dos nossos atletas, tratemos de trabalhar e levar a sério todas as questões de nossas cidades, nossos estados e nosso país. Juntos, podemos fazer o nosso gigante acordar e ocupar um lugar melhor no podium da sua história!


Leila Rodrigues


Publicado no Jornal Agora Divinópolis em 23/08/2016
Imagem da Internet - Muito difícil escolher só 3 imagens!!!!




Olá pessoal,

Desta vez fiz questão de participar. Não fui ao Rio, mas assisti o que foi possível das Olimpíadas Rio 2016. Principalmente os noticiários da noite que resumiam o dia muito bem. Torci, vibrei, chorei com o Hino Nacional e com o povo brasileiro, em especial o carioca que fez bonito na medida das nossas possibilidades. Tenho um filho de 12 anos que adora esportes em geral, em especial o futebol e fui junto com ele que vivi essas emoções e todas as lições que um evento esta grandeza tem para nos ensinar. Impossível não torcer, impossível não se emocionar!!
Que venham as Paralimpíadas que eu pretendo acompanhar de novo e torcer com a mesma garra pelo meu país. Encerro os jogos com uma certeza, Brasil eu continuo amando você!

Grande abraço

Leila Rodrigues




Este momento foi o meu escolhido!! Maravilhoso!!!!



sábado, 20 de agosto de 2016

Incomum



Esperei os carros virarem a esquina, desejei de coração que fizessem uma boa viagem e entrei. Do lado de dentro, minha casa era uma bagunça só. Colchões ainda espalhados pelo chão, roupa de cama amontoada para lavar, nenhum copo limpo e a geladeira entupida de sobras.  Tropecei no skate e quase cai. Olhei para aquilo tudo e comecei a rir. Resolvi tomar mais um café. Recostei na porta e saboreie o último café que sobrara da garrafa enquanto me lembrava da casa cheia. Os sons, os risos, as crianças correndo. Eu já estava com saudade. 
À medida que eu tentava colocar a casa usável de novo, revivia as histórias do dia anterior. Tem gente que não gosta desta trabalheira e vai dizer que é por isso que não recebe visita. E eu vou continuar dizendo que é por isso mesmo que eu gosto de visitas. Gosto do movimento, da casa cheia, das conversas, do preparo das comidas, da felicidade do meu marido quando está com as pessoas que ele ama, da farra... Enfim, eu gosto disso! 
Não há como negar que com visitas saímos da rotina, o corpo fica exausto, dormimos pouco, conversamos muito e ainda temos que dar atenção para todos. E isso cansa! É preciso muito mais que disposição. É preciso querer este momento. É preciso se alegrar com a presença dos hóspedes, senão não haverá sentido em receber alguém em nossas casas. 
Para muitos a preocupação em agradar atrapalha e anfitrião tenso piora ainda mais a situação. Em contrapartida só com as visitas usamos tudo que ficou parado e adormecido à espera de alguém. As roupas de cama, os edredons, a louça do casamento, os doces que ganhamos e a dieta não permitiu comer e aquele licor de nome estranho que você só abre quando a visita chega e você descobre que é delicioso! Os cantos em desuso são todos ocupados e consequentemente a energia se renova. 
Amanhã cada um de nós vai recomeçar tudo de novo. A semana, a vida, a labuta. Não importa se o fim de semana foi de descanso ou intenso; se a sua casa continua arrumada ou meio revirada pelo tumulto. Entretanto eu, com o corpo ainda cansado, vou sorrir por dentro e agradecer pelo fim de semana incomum que atravessou o meu caminho e trocou tudo de lugar. Estou certa de que os momentos de alegria compensaram todos os esforços e faria tudo de novo para ter junto comigo as pessoas que eu amo. E sobre descansar? Ah eu terei outros finais de semana para fazê-lo. 

Leila Rodrigues

Publicado no Jornal Agora em julho/2016
Imagem da Internet


Olá pessoal,

moro em uma cidade (Divinópolis), meus pais e meus irmãos em outra cidade, os pais do meu marido e minhas cunhadas também em outra cidades. Essa distância, que nem é tão longa assim, não me permite dar aquela passadinha na casa da minha mãe para um café. - Ah como eu gostaria de poder fazer isso! - Então quando nos reunimos é sempre um motivo de festa. Talvez seja por isso eu goste tanto de receber as pessoas na minha casa. Sejam meus familiares ou amigos é sempre uma grande alegria. E é para eles, essas pessoas que enchem a minha casa de luz e movimento o meu texto de hoje. Enquanto eu tiver saúde para tal, a minha casa estará de portas abertas para os meus amigos e minha família. Aqui nunca há de faltar uma boa prosa e um café da hora.

Grande abraço


Leila Rodrigues

domingo, 14 de agosto de 2016

Palmas para você



Lembro das minhas mãos miúdas entrelaçadas às suas e o mundo ficava mais seguro. Lembro do radinho de pilha que você me deu de presente e eu me sentia quase um adulto de tão importante. Lembro das visitas surpresa que você fazia à minha sala de aula e até hoje eu nunca vi nenhum pai fazer isso. Eu podia ver nos seus olhos o orgulho de ser meu pai e estou certa de que os meus olhinhos surpresos diziam o mesmo de você. Eu era a sua menina e você o meu herói.
Pai, foi no seu colo que eu chorei a minha primeira desilusão amorosa e foi no seu colo que eu suportei todas as injeções de Benzetacil que eu tive que tomar. É que com você a dor ficava mais leve. Sem explicação. 
Pai você nunca precisou me dizer que eu tinha que pagar as minhas contas, eu vi você pagando as suas ou deixando de comprar quando não podia. Você nunca me disse que eu tinha que levantar cedo e ir para o trabalho, eu vi você fazendo isso a vida inteira. Até hoje preparo a minha roupa de trabalho no dia anterior. E foi com você que eu aprendi que comer de marmita não era tão ruim assim. Foram muitas lições repassadas com a vida. Lições que hoje carrego comigo e procuro repassar para os meus filhos. 
O som do seu violão me acompanha e ainda choro de saudade quando entro em uma igreja e tem um coral tocando. Sou capaz de perceber que ali não tem um “sete cordas”. Meu querido, meu amor, obrigada pela oportunidade de ser sua filha. Obrigada pelas lições, pelas histórias, pela alegria da sua presença na minha vida. 
Me orgulho em dizer que herdei de você o pé gordo, a mania de comer folhas e o jeitão de ser e resolver as coisas. Gosto quando dizem que pareço com você. E até hoje me pego explicando para alguém que eu sou a filha do Déco, mesmo que a pessoa nem saiba quem é você. 
Hoje você comemora mais um ano de vida. Palmas para você meu grande exemplo. Palmas por tudo que você construiu e conquistou em sua vida. Palmas pelo seu caráter, pela sua humildade e pela sua grandeza. Que benção ter você conosco! Que benção te ver assim tão lindo, com esses seus cabelos brancos que só te deixaram melhor! Para você luz, paz, saúde e muitas alegrias compartilhadas na cozinha do melhor lugar do mundo, a sua casa. Te amo infinitamente. 

Leila Rodrigues

Foto  de Vinícius Costa - quando ele (meu pai) fez 50 anos de casado e eu ainda não tinha cabelos brancos.

Olá pessoal,

este texto foi escrito para o meu Francisco Rodrigues Filho (Sr. Déco), em junho deste ano, quando ele completou 79 anos. Tudo que está no texto foi realmente vivido por nós. Por nós (eu e ele) e pelos meus irmãos queridos (Marcos, Eduardo (Dinho) e Marcelo) e claro, pela nossa mãe que viveu tudo conosco (D. Neusa). 
Hoje estive com eles e posso dizer que voltei alimentada do amor deles. Sim, deste amor que nos nutre, que nos fortalece, que nos faz grande e forte. Que venha a vida!

Para todos os papais que visitam o Palavras, o meu carinho e o meu abraço. Que vocês consigam se aperceber da grandeza e da importância de vocês na vida de seus filhos!

Grande abraço e uma ótima semana para todos!

Leila Rodrigues





quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Avatar



Há alguns dias a escritora e amiga Ana Cecília Romeu, de Porto Alegre, escreveu uma crônica belíssima chamada Homen-selfie. A crônica falava deste ser completamente modificado pelo desejo de aparecer e de ser alguém que ele nunca foi de verdade.  Gostei tanto que resolvi continuar o assunto aqui. Vamos lá!
Vivemos a era do "que parece ser". Já não se pode confiar em quem está do outro lado, seja este lado outro país ou a casa de frente.  Não sabemos quem é a pessoa do outro lado da linha, do outro lado da tela e nem do outro lado da rua. A foto adaptada ao gosto do dono representa muito mais o que a pessoa gostaria que fosse do que o que ela é de fato.  Aceita-se tudo!
Se até as armas foram criadas para o bem, não vou agora condenar a evolução em função deste rumo destorcido. O uso equivocado e inconsequente das coisas é que faz com que tudo mude de sentido. E estamos vivendo neste momento o uso deliberado da tecnologia. Tudo se transforma com um click mágico. Cada um tem seu avatar na selva da grande nuvem. Perdido entre este ser criado para "dar certo" e o ser que veio ao mundo com todos os seus atributos ele passa um bom tempo de sua vida brigando e escolhendo a hora de um e de outro agir. Isso cansa, envelhece, adoece e enfarta. 
Será que a evolução tecnológica está realizando nossos sonhos de acabar com tudo que nos incomoda? Ainda que virtual e temporariamente, não há como negar que os poucos momentos de perfeição nos dão a ilusória sensação de sermos aquilo que sonhamos um dia. Será que o Apolo que viveu escondido em nós encontrou condições de ser? Que seja tudo uma grande ilusão, o que estamos vivenciando é uma legião de pessoas que não estão preocupadas com a hora fatal de tirar as máscaras, de mostrar a realidade. Afinal, o que está do lado de lá também deve estar mascarado, então não há do que se envergonhar e, por conseguinte, não há porque não se permitir o doce prazer da transformação. 
Só não sabemos quem está enganando quem nesta selva! Second life perdeu o lugar diante da variedade de modelos e possibilidades que cada um pode ter. São falsos poetas, falsos corpos, falsos profissionais, falsos escritores. Tudo copiado/colado para a ilusão coletiva dos adeptos. Tudo meticulosamente montado! Homen-selfie, avatar, second life são horas ou minutos de beleza, juventude, perfeição e virilidade… E muitos anos de terapia até se encontrarem outra vez.

Leila Rodrigues

Publicado no Jornal Agora Divinópolis em 02/08/2016
Imagem da Internet


Olá pessoal,

tenho uma preocupação grande em não sobrecarregar o leitor do Palavras. Ultimamente tenho visto uma busca desenfreada para atrair o leitor,  através de email, redes sociais, watsap… enfim, parece uma corrida maluca para chegar na frente do leitor e gritar para que ele te veja, te curta, te compartilhe. Informação demais!!!
A minha proposta com o Palavras é que você tenha um minuto de leitura um pouco mais tranquila. E que isso chegue no tempo certo e você possa passar sempre por aqui no seu tempo, do seu jeito.
Na contramão dos outros blogs, vamos aumentar as publicações para que vocês conheçam minhas outras participações, entretanto, que você não se sinta sufocado nem pressionado a nada. Se você gostar, naturalmente vai querer difundir, comentar com alguém ou compartilhar com os seus amigos. O Palavras quer continuar sendo uma parada bem tranquila no seu dia intenso…

Obrigada pelo carinho de sempre.
Paz e bem para todos nós!

Abraços

Leila Rodrigues