sábado, 25 de fevereiro de 2017

Muito além da paisagem



A viagem havia sido incrível. Um país organizado, com cidades limpas, bem traçadas e bem cuidadas. Um sonho para nós brasileiros. Turma boa, divertida e animada. E eu, como faço sempre, tentava achar uma foto que conseguisse representar esta minha última viagem. Tenho o costume de selecionar uma foto em cada viagem que faço. Esta foto eu imprimo e acrescento ao meu álbum. Pode rir, eu sou das antigas, ainda tenho um álbum de fotos!
Dentre as tantas fotos que a turma fez, todas impecáveis e muito bem tratadas, nenhuma conseguia expressar o que eu buscava. Até que uma, dentro do metrô, da turma inteira voltando de um dia exaustivo de passeio me chamou a atenção. Estávamos todos cansados e desarrumados. Nada bons para uma boa foto convencional.  Mas estávamos felizes, todos sorrindo. Provavelmente de alguma mancada que um deu ou alguma besteira que o outro falou. Esta sim, representou aqueles dias que passamos juntos. Esta foi a minha escolhida. 
O melhor da viagem não está na paisagem de cartão postal. O melhor da viagem é o que você vivência enquanto está lá. As descobertas, as trapalhadas, os sabores estranhos, os lugares inusitados e os apertos na hora da comunicação são os maiores motivos de riso e de altas gargalhadas. O melhor da viagem são os casos que ela produz.
A foto montada, perfeita, onde todos sorriem juntos e olham para o mesmo ângulo é linda, mas nem sempre é real. A realidade da viagem é outra! Queria ter registrado aquela hora em que eu e minha amiga, de pânico, descemos abraçadas e aos gritos a montanha russa. Queria ter registrado a minha amiga falando inglês com um chinês. Queria ter registrado o choro do meu filho quando encontrou o super-herói preferido dele e a minha emoção quando vi  neve caindo pela primeira vez. Infelizmente desses fatos eu não tenho fotos. Mas guardo-os todos comigo como histórias preciosas para contar para os meus netos ou para relembrar quando der saudade. 
A fotografia hoje ficou tão banal que não eterniza mais os momentos. De tudo se faz um filme, uma selfie, um vídeo. De tão fácil, ficou descartável. Hoje ela dura apenas até a próxima viagem, a próxima festa ou o próximo celular. Pena não pararem para observar a grandeza dos momentos que ficaram para trás, seja porque não estavam adequados para um post ou porque a paisagem não estava boa. Perderam o melhor da festa!


Leila Rodrigues

Publicado no Jornal Agora e no JC Arcos
Imagem da Internet

Olá pessoal,


Viajar expande nossos horizontes para muito além da paisagem que se descortina. Viajar nos mostra outras opções, outras opiniões e consequentemente nos proporciona reflexão. Faz bem! 
E para quem não pode viajar, seja por qual motivo for, vou trazer aqui uma fala sábia de minha avó, quando na minha infância eu não tinha condições de viajar: “Viaje nos livros, com eles você pode ir onde sua imaginação quiser.”  

Para quem mora em uma cidade que não tem carnaval, como eu moro (Divinópolis), esses dias são ideais para descansar, assistir um bom filme, meditar, caminhar ou quem sabe viajar nos livros… enfim, atividade não falta. 
Independente de como você pretende curtir a folia, eu te desejo que esses dias sejam de boas energias e alegria. 
Grande abraço

Leila Rodrigues




quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

O Baile


Segundo o dicionário, baile é uma reunião festiva cujo objetivo é a dança. Baile nos remete à glamour, à nobreza, à beleza e encantamento. Reza a lenda que os bravos guerreiros franceses do século XII, após vencerem suas batalhas, primeiro bailavam, com o objetivo de aquecer seus corações. E só após o baile, desprovidos literalmente de suas armas e armaduras  eles se juntavam às suas mulheres para proliferar suas gerações. Luiz XV convencia seus homens durante seus famosos bailes e foi durante um baile da Cruz Vermelha que Grace Kely livrou Mônaco de um ataque francês.
A geração Y desconhecia esta palavra, substituíram o baile por balada, dança, festa e outros nomes estranhos, embora os propósitos sejam os mesmos e a proliferação continue. Até que chegou a turma do funk e criou o baile funk, o baile de favela e seus derivados. Uma nova forma de bailar.
O baile tradicional não morreu. Ele existe e reina glamouroso nas noites minuciosamente preparadas para o seus. Zélia Brandão que o diga. A nossa rainha sabe fazer um baile e provou com toda competência como fazê-lo. 
Em cada detalhe, em cada canto do salão, na escolha do repertório e até no seu visual deslumbrante de anfitriã, Zélia mostra que entende do assunto. As bandas se completaram com total harmonia,  foi possível perceber a qualidade e o amor pelo trabalho na energia e  alegria das equipes.  A verdadeira essência do carnaval brasileiro sendo cultivada e preservada na prática. E bailamos embalados de boa música, amigos, abraços e sorrisos. 
Os bailarinos, bailantes ou não, dançaram, cantaram e se esbaldaram no salão. Bem vestidos e muito bem cuidados, cada um manifestou do seu jeito o glamour do carnaval de salão. Teve quem veio de lord, teve quem veio de rei. Teve coroa e súdito. Indianas, gregas, viúvas, princesas, sheiks, marinheiros e muita gente bonita e bem produzida para a festa. Vivenciamos juntos um carnaval de verdade. O carnaval genuíno dos salões. O carnaval que se canta e dança. O carnaval que se dança sozinho, dança de dois, dança de roda. 
Voltamos para casa desprovidos de qualquer arma, de qualquer rancor, qualquer mágoa. Prontos para proliferar nossas próprias espécies e ensinar a elas o valor da cultura de um povo e a importância de se preservar estes valores. E com o coração cheio de confete e serpentina, seguimos mais leves para enfrentar nossos dias de luta. 


Leila Rodrigues

Imagem da rede social de Zélia Brandão
Publicado no Jornal Agora em 14/02/2017


Olá pessoal,

O Baile da Zélia Brandão já se tornou uma tradição em Divinópolis. Um marco no nosso contido Carnaval Mineiro. Zélia realmente sabe fazer um bom baile e quem participa percebe a energia dela durante todo o baile. Não poderia deixar e falar de Cecília Brandão, que sempre ao lado de Zélia contribuiu para que tudo saia perfeito. Zélia e Cecília, admiro cada vez mais vocês pela competência, pela elegância e pela qualidade de tudo que fazem, mas principalmente por manterem vivo o Carnaval dos salões, uma tradição que se perdeu. 
Para quem não conhece, fica aqui o convite para uma noite de nostalgia, glamour e alegria.

Grande abraço



Leila Rodrigues

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Amor na versão 4


Para começar nossa conversa, venha disposto a conversar. Aceite meu sorriso tímido, de quem não fez um check list antes de sair, de quem não está 100% à vontade, mas está 200% com vontade.
Perdoe-me se o frescor da juventude não estampa mais a minha pele. Aceite o calor que ainda me queima por dentro, hoje muito mais quente do que quando existia frescor.
Eu não terei tempo de reparar seu relógio, nem seu carro, nem o couro da sua carteira. Não é isto que me encanta em você. Mas ouvirei atentamente cada palavra dita, cada sorriso, cada gesto.
Você não precisa pagar a minha parte da conta; a esta altura, contas já não contam tanto assim.
Fique a vontade! Aqui não é errado gostar de Bob Dilan, usar mocassim ou jaqueta de couro. Eu também ainda insisto no blazer vermelho e vez por outra vou cantarolar um Belchior.
Me ofereça algo mais do que frases prontas, copiadas-coladas de um email qualquer. Me ofereça o que for seu de verdade! Eu aceitarei de bom grado e farei disso o meu melhor jantar.
Traga somente você no nosso encontro. Deixe lá fora seus méritos, suas medalhas, seus títulos, sua beca. Venha sem armas, sem truques, sem compromisso. Traga apenas a sua história,  sua trajetória. E isso será o bastante para nos darmos muito bem. Venha você, porque quem te espera aqui sou só eu.
Eu prometo não comparar você comigo, nem com mais ninguém. Prometo ser eu mesma durante todo o tempo em que estivermos juntos.
Sinais do tempo estampam nosso rosto e revelam nossas lutas, mas nossos olhos, turvos pelo tempo e brilhantes de esperança, podem descobrir juntos a alegria a de começar tudo outra vez. Uma página em branco de um caderno usado, capaz de receber uma nova história. E nela escreveremos nossos feitos com um código só nosso e sem nenhum preconceito. Sorrisos que revelarão nossos mais íntimos segredos e a cumplicidade que será a chave única de nós dois. Não foi você nem eu que chegou tarde, foi a vida que tardou para nos unir, provavelmente porque esse era o tempo certo dessa história. O amor não é propriedade exclusiva dos jovens, é propriedade de quem o vive, enquanto o vive. E nós ainda temos muito para viver!

Leila Rodrigues

Imagem da Internet
Publicado no Jornal Agora e no JC Arcos

Olá pessoal,

Este é um texto que muitos me pedem para repostar. Então, como, aqui no Palavras o leitor manda, eis o texto novamente.
Muito obrigada a todos que tem me mandado e-mails com as solicitações e sugestões de texto.  Nos últimos três meses, vocês triplicaram o número de visitas aqui no Palavras. A medida do possível vou repostar e atender a todos. 
Para quem quiser encaminhar alguma solicitação de reposte ou tema o email é leila.palavras@gmail.com

Amor na versão 4 é um texto que fiz para os meus amigos que já passaram dos 40 e buscam um parceiro ou parceira. Seja para começar ou para recomeçar a vida o que eu posso dizer é que tem muitas pessoas incríveis, dispostas, honestas, divertidas e alegres a procura de alguém. Se você é um deles, que você encontre este alguém e seja muito feliz. 

Grande abraço


Leila Rodrigues