terça-feira, 26 de setembro de 2017

Pra correr o risco



Ontem  eu vivi uma grande alegria. E tentei descrever esse momento no papel. Muito difícil! Para minha surpresa não consegui encontrar nenhuma palavra que pudesse traduzir o que eu sentia. Percebi então que as emoções funcionam em outro campo, em outra dimensão talvez. É praticamente impossível traduzir, na íntegra, uma emoção, seja esta boa ou ruim. 
Nenhuma palavra é capaz de transcrever a alegria de uma mãe ao dar a luz, tamanha a emoção do momento. Como também nenhuma palavra é capaz de traduzir a dor da mãe que perde um filho. No território das emoções não existe meio termo, tudo é intenso, latente e pulsante. 
Não existe meio amor, nem pouca paixão. Ou você ama ou não ama. Assim como não existe pouca raiva, nem pouco ciúme. O campo da emoção é único e cada um vai vivê-lo à sua maneira. Cada um vai sentir e consequentemente agir e reagir do seu jeito. Nenhuma emoção é igual à outra, nenhuma se explica, nenhuma se pode copiar. Você pode ficar compadecido da minha emoção mas jamais conhecerá a intensidade dela. 
Guiado pelas emoções perdemos completamente o sentido. Perdemos a linha, perdemos o trem, perdemos a noção do perigo. Contudo, quem nunca se deixou guiar por elas, as emoções, não sabe o prazer que esta adrenalina traz. Sem emoção sem perigo, sem frio na barriga, sem borboletas no estômago, sem história para contar, sem risco. 
Se emocionar é correr o risco. Viver é correr o risco. Correr o risco de errar, correr o risco de sofrer, correr o risco de perder, correr o risco de se estrepar. 
Para não correr o risco de sofrer, as pessoas evitam amar. Para não correr o risco de perder, outras evitam investir. E assim seguem sem sequer começar, sem se emocionar. 
A gente corre todos os riscos quando decide experimentar. E nada substitui a experiência. Provar a vida é muito mais que sentir o gosto das nossas atitudes. É dar sentido à nossa existência e consequentemente nutrir as nossas emoções. 
E se tem emoção, tem choro, tem riso, tem adrenalina, tem pulso, tem suor, tem reviravolta dentro de nós! 
É preciso correr o risco de ser nós mesmos, são poucos os que têm essa coragem! É preciso deixar a emoção fluir e correr o risco de chorar ou sorrir. E se o papel não couber seus sentimentos, use-o para secar as lágrimas da sua alegria. Não há nada melhor do que um choro de felicidade! 

Leila Rodrigues

Publicado no Jornal Agora Divinópolis e no JC Arcos
Imagem da Internet

Olá pessoal,

Não sei funcionar no meio termo, na zona morna da vida. Sou das “intensas”. Choro de alegria, choro de tristeza e choro bastante de emoção. Choro um choro bom e isso me faz muito bem! Nada contra quem consegue segurar a onda, eu não consigo. 
E sobre correr o risco, quem escolhe correr o risco prova o doce e o amargo das consequências. Eu já provei dos dois e sigo querendo conhecer os sabores. 
O voo de parapente até agora foi o meu risco favorito. Valeu cada minuto de adrenalina!

Grande abraço

Leila Rodrigues


sábado, 16 de setembro de 2017

Amigos-riso



Rir de si mesmo é uma das maiores qualidades do ser humano. Pessoas que sabem rir de si são, geralmente, as melhores companhias. São pessoas despretensiosas, leves e de riso acolhedor. Elas são engraçadas, divertidas e perto delas ninguém fica triste. 
Sem elas os velórios, as excursões e as reuniões de condomínio não seriam as mesmas. Enquanto riem de si, elas não têm tempo de rir dos outros. E se o fazem, é sempre de um jeito carinhoso e não sarcástico. 
Elas riem dos seus tombos, sem desmerecer o levantar. Elas riem de suas mancadas por entenderem que o mundo não pára pelos seus problemas. Elas riem quando não conseguem, enquanto ganham forças para tentar outra vez. Elas declaram seus mal feitos com a mesma leveza que compram um pão na esquina. 
Elas estão longe de serem santas ou de serem completamente boas. Elas são pessoas comuns, que choram de vez em quando, que sentem raiva, medo, ciúme ou cansaço como qualquer mortal.  Elas tem apenas um diferencial sobre as outras pessoas, elas enxergam graça onde os outros enxergam desgraça. Simples assim! 
Não é tão difícil contar que o sapato está machucando, que caiu no meio do salão lotado de gente ou que passou parte do jantar com uma couve no dente. Mas para essas pessoas tudo fica tão simples e engraçado que queremos ouvir de novo só pelo prazer de vê-los contar. Elas transformam tudo em humor! Elas contam que foram traídas pelo parceiro, que faliram, que se ferraram em alguma coisa. Elas não têm medo do fracasso. Pelo contrário, elas lidam com ele de tal forma, que parece pequeno. Suas vidas são recheadas de casos. Cada dia com elas é uma aventura, um acontecimento. Diversão garantida! 
Toda repartição pública deveria, por lei, ter uma pessoa capaz de rir de si lá dentro. Toda fila, toda reunião chata e todo posto de saúde também! Seria um bom investimento!
Na correria dos nossos dias não cabe humor. Tarefa para entregar, meta para bater, prazos para cumprir. É trabalho! E não se brinca de trabalhar! É tenso, exaustivo e desafiador! E são essas pessoas, capazes de rir de si, os oásis dos nossos dias áridos, pois elas têm o dom de melhorar o ambiente ao seu redor. 
É para elas que ligamos quando queremos esquecer tudo. É com elas que queremos ficar quando a loucura do trabalho termina. E é para os braços delas que corremos quando o coração se cansa deste mundo cinza em que vivemos! 


Leila Rodrigues

Imagem da internet
Publicado no Jornal Agora e no JC Arcos

Olá pessoal,

eu tenho a honra de ter alguns amigos-riso, é assim que eu carinhosamente os chamo. Eles são de fato oásis nos meus dias áridos. Com eles até uma caminhada na Rua Pintangui vira uma aventura, não é mesmo Nadia Alli? Ou um velório vira uma roda de piada não é Amnys Rachid? Enfim, eles fazem a nossa história mais divertida. A todas as pessoas que vivem a verdadeira arte do riso, a minha admiração e o  meu carinho. E àqueles amigos-riso que passam pelo meu caminho, o meu amor amigo.

Grande abraço



Leila Rodrigues

sábado, 9 de setembro de 2017

Qualidade de vida



Qualidade de vida é um dos itens mais desejados pelo ser humano atualmente. O planeta inteiro quer qualidade de vida. O homem busca mais qualidade de vida. Porém, qualidade de vida é algo muito relativo. Quando se é jovem, qualidade de vida é não perder nenhuma balada, ter o corpo sarado, viajar, correr o mundo, praticar em grande escala atividade sexual, fazer as melhores selfies e o ter todos os likes. 
Passada esta temporada, a pessoa entra na fase da construção. É quando fazemos de tudo para chegarmos a algum lugar. Lugar este que às vezes não sabemos qual é, mas lutamos mesmo assim. A fase do Superman e da Mulher-Maravilha. Neste momento qualidade de vida é dar conta do trabalho, da faculdade, do inglês, da atividade física, de ler todos os livros, assistir todas as palestras, entender do mundo digital, animal, ambiental, musical, cultural e, claro, do mundo dos negócios. Ufa! Só de pensar já fiquei cansada! É comum também nesta fase a constituição da família e a chegada dos filhos. Tudo junto e misturado. E a qualidade de vida afogada no meio de tudo limitada a algumas folhas de alface na refeição e atividade física duas vezes por semana. Cada um com seu conceito.
Isso gera cansaço e apatia. Onde está mesmo a qualidade de vida depois de tanta construção? Neste momento a pessoa se questiona se valeu realmente a pena tanto esforço. 
Aí sim, depois de ver destroçado o conceito de qualidade é hora de pensar de verdade em qualidade de vida. Conforto e sossego se tornam vitais. Nesta hora a pessoa faz uma lista de tudo que ela sempre teve vontade de fazer e nunca priorizou. Afinal, na lista de prioridades só havia lugar para a razão. A lista do coração era classificada como supérfluo. 
Natação, yoga, tai-chi-chuan, descer uma cachoeira em um caiaque, voar de parapente, escrever um livro, comprar um sítio, praticar snowboard, cantar no coral, tocar bateria, falar francês, dançar flamenca, viver. 
Agora o problema é outro, o dia ficou pequeno para tantos sonhos. Uma vez que a razão já cumpriu seu papel, qualidade de vida significa então  atender os desejos do coração. 
E haja coração! Aliás haja coração, haja pressão arterial, haja colesterol, haja Gama GT, haja fôlego e sobretudo haja alegria de viver. Afinal, sem saúde e disposição os sonhos voltam cabisbaixos para a gaveta... E a velha mobília que os comporte. 

Leila Rodrigues

Publicado no Jornal Agora Divinópolis e no JC Arcos
Imagem da internet - gosto muito dessa imagem, a tenho no meu celular há muito tempo, gosto de contemplá-la quando a situação não me permite meditar, ou seja, medito através dela.

Olá pessoal,

eu confesso que já tive que engolir a palavra qualidade em função das construções de minha vida muitas vezes. O fiz em sã consciência! Reconheço que o foco no trabalho, na meta, no resultado me desfocou de mim. 
Um dia o cansaço bateu e a saúde cobrou a conta! Óbvio!
Hoje continuo atrás de resultado e de meta, mas na conta do meu resultado estão também a minha saúde, a minha família e a minha satisfação. Tenho me sentido mais leve depois dessa decisão. 
Tenho feito coisas que gosto e me permitido parar. E, inexplicavelmente, hoje dou conta de muito mais desafios! 
A vida é assim mesmo, surpreendente!
E você? O que é qualidade de vida para você? Em qual momento você está em relação à qualidade de vida? 
Conta aí nos comentários, vamos esticar o assunto!

Grande abraço

P.S.—> agradeço a todos pelas visitas ao último texto Envelhescência que teve mais de 5000 leitores. Muito obrigada a todos vocês, por doarem o tempo de vocês para ouvirem as minhas Palavras!!! 

Leila Rodrigues

sábado, 2 de setembro de 2017

Envelhescência



Se você já passou dos 45 ou está próximo disso este texto é para você! Se ainda não passou fique atento, porque um dia você vai chegar lá! Esta frase é do escritor Mário Prata e foi a primeira vez que eu ouvi a palavra envelhescencia. 
Pois bem, a esta altura você já teve uma trajetória profissional, já construiu seu legado e já constituiu sua família. Provavelmente você já viveu seus relacionamentos afetivos, já fez suas escolhas e viveu suas consequências. Para alguns os filhos já se foram e agora experimentam a chegada dos netos. E ainda tem aqueles que decidiram ser pais mais tarde e estão enfrentando a adolescência dos filhos. 
Alguns já se aposentaram ou estão próximos disso. Esses estão convivendo com o vazio dos dias. E para a grande maioria os pais já se tornaram filhos e necessitam de cuidados. Com toda certeza você já enfrentou um leão na jaula. Faz parte!
Mas o que nos incomoda nesta fase da vida é que há um vazio. E lém do vazio, surgem questionamentos sem respostas. Você começa a se perguntar: Mas e aí? A felicidade é isso? Eu construí, construí para chegar até aqui e parar de repente? E aquele meu sonho que eu passei a vida inteira esperando para realizar, vai morrer na praia? 
Se o brasileiro tem uma expectativa de viver até os 90 anos. Então ainda nos restam muitos anos!!! O que é que nós vamos fazer com esses anos todos? Vamos parar? Então esse é o começo do fim? Esse é o marco zero da velhice? 
Bem vindo à envelhescência! A adolescência reversa entre a maturidade e a velhice. Afinal de contas, ninguém fica  velho da noite para o dia! 
O envelhescente é esta pessoa que tem uma bagagem incrível, tem a cabeça cheia de projetos e a mente abarrotada de sonhos para serem vividos. Ele quer qualidade de vida, quer participar ativamente da sociedade que vive, quer competir no mercado de trabalho e de quebra se divertir, fazer o que gosta, viver a plenitude dos seus dias!
Você ainda vai ouvir falar muito nele! Ele sabe o que quer e tem a sua opinião formada sobre tudo! Ele está muito mais interessado em se divertir do que na última coleção. Ele prefere os seus poucos e bons amigos do que a multidão. Ele sabe alguma coisa que só a maturidade ensinou! Ele veio para ficar! E vai mudar para sempre o conceito de velhice!

Leila Rodrigues


Imagem da internet
Publicado no Jornal Agora Divinópolis e no JC Arcos


Olá pessoal,

É com muita alegria que apresento o texto Envelhescência para vocês! Não estou chamando ninguém de velho, muito pelo contrário, o envelhescente é uma pessoa amadurecida pela experiência e renovado pela vida. 
Eu sou uma envelhescente, com muito orgulho! Cheia de sonhos, de projetos e de alegria de viver!
Sabe aquelas frases que a vida inteira nós passamos dizendo: “Um dia ainda faço isso!”, “Um dia eu mudo esse negócio!”, “Um dia ainda vou viver do meu jeito!”…. Esse dia chegou! E não tem alegria maior que essa!

Que venha a envelhescência! Eu adolescente de novo!!!!

Grande abraço


Leila Rodrigues