domingo, 26 de março de 2017

A febre do líder



Dificilmente falo do mundo corporativo aqui neste espaço. Hoje vou abrir uma exceção. Todos os dias recebo currículos na minha empresa, todos os dias recebo currículos de pessoas que querem ser gerentes de alguma coisa. Alguns desses currículos são realmente de pessoas que têm experiência, formação  e pelo visto competência para assumir cargos de liderança. Mas a grande maioria são de pessoas que ainda estão chegando ao mercado de trabalho e já querem ser líderes de alguma coisa. Então denominei de “A febre do líder”.
E para essas pessoas, ansiosas por assumirem um cargo de liderança eu tenho um recado. Liderar é muito mais que receber uma mesa maior e uma cadeira confortável. Liderar é antes de tudo, inspirar pelo exemplo, pela garra, pelo empenho. Liderar é estar à frente e isto não significa apenas usar um uniforme mais bonito. É dar a sua cara para o cliente bater quando preciso for. É entrar antes dos outros na fogueira para se queimar antes deles. É ser o primeiro da fila, o porta bandeira, o comandante da ação.
Liderar é muito mais que não bater ponto e poder chegar mais tarde ao trabalho. Liderar requer estudo constante, disciplina, foco e sobretudo disponibilidade. Enquanto todos vão para casa descansar, o líder vai analisar resultado e repensar estratégias. Liderar é muito mais que dar ordens. É desenvolver no outro a vontade de trabalhar, de aprender e crescer, de fazer exatamente aquilo que precisa ser feito. É fazer com que cada pessoa, ao te procurar com uma dificuldade, um desânimo, saia da conversa com mais vontade de trabalhar.  É despertar no outro suas competências e habilidades.
Liderar está muito além daquele lugar mais alto no organograma da empresa. Está no dia-a-dia comum junto com sua equipe. Está na humildade de saber que uma boa ideia pode vir de qualquer pessoa, de qualquer lado. 
Liderar não é uma premiação pelos seus muitos anos de trabalho, liderar é uma competência, uma aptidão, um dom. Uma capacidade de atrair as pessoas e fazê-las te seguir naturalmente.
Se a febre do líder te pegar, observe primeiro a sua capacidade de liderar a sua própria vida, as suas finanças, os seus filhos, o seu departamento. Observe se você está disposto a cumprir os deveres do líder, a bater suas metas, a defender seu time. Pense bem, mais vale um excelente operador que um líder medíocre. 


Leila Rodrigues

Publicado no Jornal Agora Divinópolis e no JC Arcos
Imagem da Internet


Olá pessoal,

Nunca se falou tanto em liderança como hoje em dia. Cursos, livros, vídeos e palestras sobre liderança saltam aos nossos olhos. Parece que ser líder é a tradução da felicidade. Os valores estão invertidos e a liderança tem sido confundida com glamour, palco ou como a única forma de ser feliz. Tudo errado! A liderança é uma função que tal como as outras requer responsabilidades e equilíbrio entre dores e delícias. Liderar pode ser muito bom realmente, mas não é o único caminho. Todos nós, em algum momento de nossas vidas enfrentamos a liderança. Seja na vida profissional, seja como pai ou mãe ou como cidadão comum que precisar liderar a própria vida. “Se queres liderar alguém, comece por liderar a si mesmo.”  
Só assim vamos descobrir a beleza de sermos cada um e escolhermos o que nos trouxer felicidade de fato.

Grande abraço


Leila Rodrigues




domingo, 12 de março de 2017

Incorretamente feliz?


Ontem eu estava feliz. Sabe aqueles dias em que estamos simplesmente felizes? Era eu. Meu marido me disse que eu estava radiante. E eu, diante da fala dele, me senti melhor ainda.
Mas ontem eu tinha frizz no cabelo, coisa inaceitável para os padrões atuais. Eu também havia me esquecido de colocar os brincos e a minha unha deixava claro que eu tinha ficado muito tempo na cozinha. Era verdade. Eu fiquei um bom tempo na minha cozinha. Minha mãe veio me visitar e juntas fizemos uma comida de verdade. E comemos juntos, o que foi maravilhoso.  Comemos sem pressa, saboreando a simplicidade e a grandeza daquela refeição. Família, mesa e comida, uma celebração natural e divina.
Ah mas naquele eu não fiz dieta! Aquela comida não fazia parte da minha lista de permissões. Verdade de novo!  Naquele dia, que foi ontem, eu não tomei o suco detox e também não tomei os dois litros de água prescritos pela nutricionista.  Nem comi batata doce. E eu estava feliz! Incorretamente feliz! 
Tem dias que a roupa não combina com o sapato, que o cabelo não nos obedece, que a sobrancelha cresce... e tudo é tão pequeno diante da alegria de viver. Nesses dias não conseguimos sentir culpa. Assim são os imperfeitos. Leves com o que tem que ser leve. Neste mesmo dia meu filho vestiu uma combinação estranha de blusa com outra blusa por cima. E o meu outro filho foi mal na prova de redação. E eu, na insustentável leveza dos imperfeitos, não xinguei, não esbravejei, não mandei estudar e nem mandei que trocasse aquela roupa esquisita. 
É que eu estava feliz! Incorretamente infeliz. 
Hoje fala-se tanto em foco, disciplina e alta performance que nos tornamos todos generais. Generais de nós mesmos e de nossos habitats. Estamos o tempo todo vigiando, cobrando e exigindo. Paramos de viver para fiscalizar nossas próprias vidas. Tudo tem que dar certo, tudo tem que cumprir os padrões. Estamos cada vez mais chatos. À caminho do insuportável. 
Hoje voltei à minha disciplina. Minha mãe voltou para a casa dela, meu marido não fez nenhum comentário sobre mim e meu filho não vestiu uma blusa por cima da outra.  Até meu cabelo que gosta de manter a rebeldia foi domado por algumas gotas de um óleo milagroso. Tudo voltou ao normal, menos a saudade de ontem que eu guardei silenciosamente comigo. Aceita um suco verde? 

Leila Rodrigues

Publicado no Jornal JC Arcos
Imagem: Acervo pessoal


Olá pessoal,

As palavras “coach" e "alta performance” tem tomado conta das redes sociais e da vida  das pessoas. Busca-se a alta performance em tudo, na carreira, na vida pessoal, na cama… Eu compreendo que a boa performance faz a diferença em nossas vidas e pode nos levar a patamares melhores. Mas nenhum ser humano vai conseguir ser bom em tudo! É preciso leveza. Principalmente para dar conta que daquilo que nos propomos a fazer bem. Foco, disciplina e determinação são bons, mas o exagero nos transforma em pessoas insuportáveis. E a linha que separa o saudável do insuportável é muito tênue. Imperceptível aos olhos de quem o faz.
Reconheço que este é um tema polêmico. Todos nós precisamos de disciplina e foco; e eu continuo admirando e respeitando quem o faz. O que me incomoda são os extremos, os exageros que dificultam a convivência. Fique à vontade para colocar a sua opinião nos comentários. 
Na imagem, minha cachorra Amy. Uma cadela nada correta, teimosa que só e que me faz muito feliz.

Grande abraço

Leila Rodrigues


sexta-feira, 3 de março de 2017

Marlene


Oi amiga, hoje pensei em você. Para dizer a verdade hoje precisei de você. Precisei desesperadamente de você. Não, não aconteceu nenhuma tragédia na família, está tudo bem com meus filhos e o meu casamento continua de pé. Mas sabe aqueles dias em que nem as crônicas da Leila Ferreira poderiam nos salvar? Pois é! Aconteceu comigo hoje. É quando precisamos de alguém para contar que o corte de cabelo ficou péssimo, que a dieta não deu certo ou que aquele projeto dos sonhos foi por água abaixo. Nessas horas não serve marido, nem namorado, nem vizinha. Esse é o momento que os Deuses reservam para as amigas. E no meu caso, hoje eu queria você.
Quis ligar; mas esbarrei nas minhas convicções perversas: "Será que ela vai poder me ouvir? Será que ainda se interessa pelos meus assuntos?” Amiga, a vida nos levou por caminhos tão diferentes que eu me pego incompetente na hora de conversar com você. Eu não entendo mais de balada, não sei mais qual a sua música preferida nem quem são os homens que você namora hoje. Ops! Perdão. A palavra “namora” já mudou de sentido. Então como eu ia dizendo, não sei mais quem são os ficantes da sua vida. Em contrapartida, tenho certeza de que os temas, festa de criança, escola de futebol e fralda não te interessam nem um pouco. E aí, presa a essa minha crença estúpida, eu fico aqui com saudade dos tempos em que vestíamos as roupas uma da outra, que usávamos o mesmo baton ou que dividíamos aquele sanduíche medonho da faculdade. 
Ah amiga eu devo confessar que tenho inveja da sua liberdade de ir e vir quando e onde você quiser e te adianto que embora a foto pareça perfeita, a minha vida não é nenhum comercial de margarina. Fizemos escolhas diferentes, é fato. Mas não existe lado certo ou errado. Todas nós choramos sozinhas em algum momento e todas nós temos dias como este, em que só uma amiga resolveria o problema. Onde quer que você esteja agora, você sempre será a minha amiga Marlene, aquela que conheceu os meus segredos mais íntimos e as minhas verdades mais veladas. Vida que vivemos juntas, que sonhamos juntas. Que cantamos, choramos e rimos juntas. Vida que valeu a pena viver. Saudades de você!

Leila Rodrigues

Publicado na Edição 22 - Janeiro/Fevereiro 2017 da Revista Xeque Mate


Olá pessoal,

demorei para postar porque esperei Marlene receber a revista. 
Sim, respondendo à pergunta de muitos, Marlene existe. Marlene é daquelas pessoas que a gente guarda debaixo de sete chaves dentro do coração. 
Todos nós precisamos de uma Marlene na vida. Não importa o nome da sua Marlene, abrace-a e agradeça-a por existir.

Mais uma vez gostaria de agradecer ao Giovani Lima pela oportunidade de escrever na Revista Xeque Mate, principalmente porque falar de pessoas especiais é sempre uma alegria. E através da Revista as pessoas podem conhecer um pouco dessas mulheres maravilhosas.
Obrigada Giovani!

Grande abraço



Leila Rodrigues