sábado, 30 de dezembro de 2017

O caos e a fé



No trabalho o mês de dezembro é uma insanidade só. Meta para bater, comércio desesperado para vender, exercício para fechar. Onde tem um cliente interessado, lá estão nossos esforços e expectativas. Um corre corre desenfreado para darmos conta de tudo que nos propusemos fazer. Os dias  são pequenos para atender todas as demandas e não esquece que à noite tem confraternização da turma do alguma coisa. Turma da academia, turma do trabalho, do colégio, do vôlei, turma da pós, turma do bordado... turma. Então esquece o cansaço, passa no supermercado lotado para comprar a bebida e vai!
Recebe o 13o., paga conta, Av. Primeiro de Junho lotada, Rua Goiás idem  e mais tarde tem outra confraternização. Adianta as comidas do Natal, refaz a lista, aumenta gente, pensa na mesa, o supermercado continua lotado, vai longe achar um presente mais em conta, decora a casa, hoje é dia de formatura. Ufa!!!! Dezembro é pequeno demais para tanta confraternização! Lá se vão dieta, qualidade de vida, 8 horas de sono, projeto verão, meses de investimento em nutri, dieta low carb, tudo para o próximo ano. Perderam para os abraços, para os encontros, para as lágrimas de emoção, para os “amigo oculto”, para os fechamentos deste ciclo matemático que chamamos de ano. Mexe mais conosco do que podemos imaginar! Na cabeça, em meio ao caos de entregar tudo, de fechar tudo... já se enxerga uma luz no início do próximo Túnel. Lá vem ele! Inocente, ressabiado, sem entender direito o porquê de tantas promessas,  tanto estardalhaço se tudo é apenas um dia após o outro. Fica tranquilo Senhor 2018! Não é nada pessoal! É apenas a nossa estranha mania de ter fé na vida! 
Humanos precisam de fé. Fé em Deus, fé no outro, fé no próximo, fé no novo, fé em alguma coisa que dê sentido à nossa existência. Precisamos do novo para renovar alguma coisa em nós que, às vezes, nem nós sabemos exatamente o que é; mas sabemos que é preciso. Que venham os abraços, os pedidos, os desejos, as promessas, os propósitos, as luzes no início desse túnel novo. 
Se vamos cumprir? Aí é outra conversa. Mas enquanto estivermos por aqui é sinal de que alguma missão ainda precisa ser cumprida e renovar a fé é uma forma de dizer a nós mesmos que a missão continua ou melhor dizendo, que continuamos na missão.  
Eu como bom soldado, estou sempre à disposição! 
Que venha 2018!

Leila Rodrigues

Imagem da Internet
Publicado no JC Arcos


Olá pessoal,

sem clichês, sem palavras mágicas, sem promessas que não serão cumpridas… Aí vem um novo ano, que só terá chances de ser novo se renovarmos alguma coisa em nós. 
Que consigamos encontrar bons motivos para querer renovar, disposição para tomarmos as atitudes e sobretudo resiliência para não desanimarmos no caminho. E sendo assim, que ao final de 2018 possamos nos encontrar novamente para falar das novas conquistas que tivemos em 2018.

Grande abraço
Um 2018 de paz, alegria e boas energias para todos nós!

Leila Rodrigues


domingo, 24 de dezembro de 2017

O Natal dela


O Natal dela

Era dezembro. E como sempre ela abria a gaveta e tirava de lá a bolsinha florida onde guardava suas economias. Dinheirinho enrolado, juntado ao longo do ano, nota por nota, centavo por centavo. Era dali que saíam as lembranças para cada um da família. Os filhos, genros, noras e netos. Na sua modesta lista entravam também a lavadeira, a costureira, a vizinha, a colega do terço e aquela família necessitada. Até hoje me pergunto como é que pode um coração caber tanta gente assim? 
Para os homens da família ela tinha a mania de presentear com o famoso “corte de calça”, mas quando o dinheiro era curto, a boa e tradicional meia resolvia tudo.  Para as mulheres ela diversificava um pouco mais e quando o assunto eram os netos, aí ela caprichava. Sabia o que cada um gostava e sempre dava um jeito de achar alguma coisa interessante. Foi dela que ganhei um biloquê e meu irmão ganhou o carrinho de rolimã que ele tanto queria. Confesso que eu e meus irmãos, como netos que moravam com ela, tínhamos alguns privilégios. Mas ela tinha um olhar e uma preocupação com cada um dos seus 23 netos. 
E quando o dinheiro faltava ela plantava mudas de rosas no saquinho bem antes do Natal. Cuidava religiosamente das mudas como se fossem bebês e presenteava as pessoas com a pequena roseira. 
Além dos presentes, tinha um cuidado especial com as comidas. Ela ia longe buscar o melhor queijo para os primos que vinham de fora. O melhor doce, o leite mais puro, o melhor frango caipira. Ela mesma fazia os doces complicados. Figo, laranja da terra e pé-de-moleque, sua especialidade. Só mais tarde fui entender que aquilo era amor em forma de alimento. 
Minha avó Quinha, quanta saudade! O Natal não é Natal sem as avós. Ninguém é mais feliz que elas neste dia! 
Vó, era por você que a gente se reunia. Era a sua volta que toda aquela festa acontecia! O Tio Roberto cantando, os amigos de todos os cantos da cidade que tradicionalmente passavam  pela sua casa na noite de Natal e o seu perfume de lavanda inesquecível. Sinto saudade do cheiro da sua casa, do leitão assando e daquela correria da meninada no meio da chuva de dezembro. Sinto até hoje o seu amor por todos nós... 
E toda vez que chega dezembro, eu imagino que, em algum lugar, tem uma avó feliz e realizada com a família a sua volta, como você foi um dia! 
Vó, enquanto eu viver, todo Natal será dedicado a você! 

Leila Rodrigues

Publicado no Jornal Agora e no JC Arcos
Imagem da Internet


Olá pessoal,

independente da sua crença, do fato de você ser Cristão ou não, eu desejo a você boas festas, muitos abraços, muitos sorrisos e se for possível, faça uma avó feliz!

Grande abraço


Leila Rodrigues

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Confraternisap



08:10 - Celinho: Gente, festa de confraternização do grupo dia 18 na casa da Gisele  19:00. Confirmar presença aqui no grupo levar bebida salgado acompanhante. O músico será dividido no dia. 

08:25 - Amanda: Dia 18? Desse mês? 

08:30 - Rogéria: Não. De 2018 kkkkkk

08:49 - Celinho: <iniciando o exercício zen budista da paciência> 18/12/2017 quinta-feira próxima Amanda. Conto com você! 

08:50 - Amanda: Posso não. Tenho academia.

08:53- Lucilia: Pode levar fritura? E glúten? E comida com lactose? Só sei fazer comida gorda. Pode.

08:56 - Celina: É para ir ir chique? Pode ir de rasteirinha? E escova no cabelo? Vai jogar as pessoas na piscina? Se for, adeus escova.

09:01 - Nivaldo: Pode levar ficante? 

09:08 - Milene: <posta uma foto do cachorro dela que deu cria>

09:10 - Celinho: Pessoal pode levar a comida que achar melhor. Até a 5a cerveja garanto que ninguém vai jogar ninguém na piscina, depois disso não posso garantir.

09:14 - Juju: Se vai cair na piscina então vou ter que comprar biquini, depilar, deixar tudo nos trinques… alguém sabe de alguma promoção de biquini? 

09:16 - Cesar: <posta um vídeo de um bêbado tentando atravessar a rua>

09:25 - Aline: Pessoal posso chegar às 23:00? Tenho outra festa.

09:38 - Amanda: Que lindo!! Como chama?

09:53 - Celina: Juju sua linda, seu biquíni preto é mara!!!! Vai com ele.

10:02 - Elisa: Gente vamos assinar a petição para acabar com a corrupção no Brasil. A hora é agora! Assinem! Repassem para seus grupos! 

10:10 - Telma: desde que você leve a sua bebida, sem problemas. 

10:25 - Nivaldo: <respondendo Amanda> Minha ficante? Não posso falar por enquanto.

10:30 - Amanda: <respondendo Nivaldo> Perguntei da cachorra da Milene.

10:42 - Ronaldo: Alguém vai tomar vinho? E cachaça, vodca, cerveja? E água? Quem vai levar? 

11:00 - Celinho <todo educado> Pessoal vamos focar na festa por favor

11:03 - Meire - Posso levar meu sobrinho? Ele é adolescente mas prometeu ficar calado.

12:01 - Celinho - Pode levar namorado, ficante, transeunte, menos amante porque pode complicar para a pessoa. 

12:52 - Vai ter música sertaneja? Quem é o músico? Vai ter pista de dança? Vou convidar o João Lucas.

12:55 - Lívia - João Lucas vai? Mas ele não é do grupo. Posso chamar a Pri? 

14:00 - Vítor - Estou em Joinville, chego no dia às 18:00 em Confins. Vou direto, pago tudo depois.

15:59- Dina - Nossa mais tem que levar bebida, comida, presente de amigo oculto e ainda pagar? Que absurdo!

16:00 - Nilza - Eu também acho um absurdo esse consumismo alienado. Tô fora!

16:09 - Cleber - Tb to fora. Vamos encontrar em um barzinho que fica melhor.

16:10 - Mateus -  Barzinho? Onde? Que dia?

16:40- Cinara - Uai!!! A festa não era na casa da Amanda? Já mudou para barzinho? A nem! Ninguém avisa nada. 

17:00 - Celinho saiu do grupo. 


Leila Rodrigues


Olá pessoal

este é o primeiro texto da série “Realidades" que vem por aí. Novos tempos, novas tecnologias e novas situações. Quem poderia imaginar que um dia organizaríamos uma festa sem sair do lugar? Ou que poderíamos acompanhar em tempo real, pelo celular, um acontecimento do outro lado do mundo? Realidades vai tratar desses fatos. Das realidades e confusões dos nossos dias, das nossas trapalhadas com o mundo virtual.
Por mais que a tecnologia ajude, o ser humano continua confundindo tudo!!!! 
Divirtam-se!

Grande abraço

Leila Rodrigues