terça-feira, 21 de novembro de 2017

Desencontros


Ele queria silêncio, ela queria falar. Ele tinha pressa, ela tinha fome. Um esperava que o outro fizesse, o outro esperava que o "um" dissesse. E cada um sofria em seu canto as expectativas frustradas pelo outro. 
Nascemos para nos comunicar. Passamos a vida inteira aprendendo a nos comunicar. Cursos, palestras e livros sobre comunicação assumem o topo das demandas. Tenta de um jeito, recomeça de outro, muda uma coisa aqui, descobre outro jeito ali e ainda assim, depois de tantos reajustes para melhorar a comunicação nos deparamos com os problemas na hora de nos comunicarmos. Pode ser com um filho, com o parceiro, com um amigo, com o colega de trabalho, o sócio, o cliente enfim, com qualquer pessoa. 
É que o espaço entre o que um fala e o outro ouve é infinito! E muitas vezes vira abismo. Vira discórdia, vira desencanto, vira fim. Que pena! O campo das intenções e o das interpretações não se entendem. 
Desencontros, desafetos, desacordos... desfechos. Desencontros que acontecem com todos nós e que podem mudar para sempre o curso da nossa história. 
Partindo do princípio de que são todos seres da mesma espécie e que são todos homens de boa vontade, não deveria ser mais fácil? Penso que sim! O que dificulta é que queremos que o outro fale a nossa língua, compreenda nossas vírgulas; enquanto do lado de lá o outro espera que interpretemos seus hiatos. E mais uma vez intenções e interpretações não se entendem... 
Aproveitando a deixa muitos optam pelo silêncio, pela distância, pelo “cada um por si e Deus por todos”, pelo celular, pelas relações que dispensam a alma. É tudo tão efêmero, tão líquido que facilmente escorre pelos dedos. Relações que com a água de um banho quente vão para o ralo. Simples assim! Relações que não agregam, não preenchem nem desafiam. Apenas coexistem em seus mundos equidistantes. 
Independentemente se você escolheu uma relação assim ou se você apenas se escondeu do confronto, em alguém momento nos cansamos dos vazios providenciais e voltamos nossos olhos para aqueles que são realmente importantes para nós. Neste momento, não há nada a ser dito, nada a pedir, nada a esclarecer. 
Gastamos tanta energia aprendendo a falar, debatemos e defendemos tanto nossas falas... para descobrir que ninguém melhor que o silêncio para dizer e ouvir tudo que é preciso. 

Leila Rodrigues

Publicado no Jornal Agora e no JC Arcos
Imagem da Internet


Olá pessoal,

Me entristece ver os desencontros acontecerem, principalmente quando envolvem pessoas queridas. Nessas horas eu gostaria de ter uma varinha de condão para sair transformando os desafetos em harmonia com um toque de mágica. Mas eu já sei que as lições acontecem na medida e no momento de cada um. 
Me resta torcer para que os reencontros aconteçam, que sejam maravilhosos e transformadores na vida das pessoas. E se não acontecerem… em cada canto há um novo encanto.

Grande abraço

Leila Rodrigues


sábado, 11 de novembro de 2017

Gosto não se discute



Eu sempre achei a arte um negócio muito interessante. Acho incrível como o artista transforma tudo em algo bonito, novo, moderno, repaginado. Também gosto de música e de  cozinhar. Mas não faço questão nenhuma dos meus amigos gostarem de arte, de música ou de  cozinha. Nunca tive problemas com quem pensa diferente de mim. Tenho alguns amigos que só vestem camiseta preta e outros que gostam de meditar. Gosto do gosto deles porque combina com eles. 
Eu tenho amigo jovem,  eu tenho amigo negro, eu tenho amigo velho, eu tenho amigo que trabalha demais e tenho amigo que não faz nada na vida. Eu também tenho amigo branco, eu tenho amigo gay, eu tenho amigo doutor, escritor, cabeleireiro, ceramista, aposentado, separado e recém-casado. 
Ah e tenho amigo que nunca vi, amigo que é meu vizinho, amigo pai de família, amigo de todo jeito. 
E todos eles têm algo em comum. Eles são autênticos! Eles são o que são e é exatamente isso que me fascina. Eles gostam da vida, gostam de viver. Alguns gostam de cantar e quando estamos juntos, cantamos juntos. Outros gostam de uma boa prosa e quando estamos juntos o tempo é sempre curto para tantas falas. E tem aqueles que a sintonia é tão grande que nem precisamos estar juntos para sabermos que nos queremos bem. 
Eu gosto mesmo é de gente de verdade. Gente que ri, que chora, que se esfola todo de vez em quando. Gente que tenta, que vai, que se arrepende, que manifesta, que declara seu amor e chora sua dor sem se fazer maior ou menor. Gosto de gente que me empurra, que me tira do lugar comum, que me questiona, que reclama de mim para mim,  que me desafia, que pensa diferente, que me transforma e me faz ver as coisas sob um outro ângulo.
Gosto de gente que envelhece, que pede licença, que sabe rir de si e que não tem vergonha de chorar. Gosto de gente sem rótulo, aqueles que eu tenho que conversar muito para conhecer seu conteúdo, sua essência. Gosto de gente que funciona quando a luz acaba, quando a comida esfria ou quando a dor me invade. Gosto de gente que não ensaia, que derrapa de vez em quando e que me deixa ser quem eu sou. Gosto de gente que gosta de gente, que abraça de verdade, que se alegra com a alegria dos outros, que não tem vergonha de amar. E para finalizar, gosto de gente que não se dá conta do tamanho que têm! Esses são os melhores! 
É disso que eu gosto! E tenho dito! 

Leila Rodrigues

Publicado  no Jornal Agora Divinópolis e no JC Arcos
Imagem da Internet - Jiló - amado por uns, odiado por outros

Olá pessoal,

De vez em quando é preciso ter muito claro o que gostamos e o que não gostamos. Até mesmo para sabermos discernir uma coisa da outra. O discernimento precede decisões mais assertivas. Hoje foi dia de relembrar do que eu realmente gosto.
Peço desculpas pela falta de postagem na semana passada, estive fora mas já estou de volta.
Tenho recebido alguns feedbacks dos leitores, o que me deixa muito feliz. Pessoas que eu encontro nas ruas, alguns que procuram o Jornal e pedem meu contato ou até mesmo nas redes sociais. 
Obrigada a todos! Vocês me motivam a querer escrever cada vez mais. 

Grande abraço


Leila Rodrigues