domingo, 24 de novembro de 2013

Meu coração verde e amarelo




Desde que comecei a escrever, sempre evitei falar dos três assuntos clássicos política, religião e futebol. Futebol, porque entendo muito pouco ou quase nada do assunto. Religião por um profundo respeito a todas elas e política por não achar conveniente usufruir de um espaço tão respeitado para falar de algo que já é por demais discutido pelo país afora. Não faltam profissionais e pessoas com muito mais conhecimento que eu para falar no assunto.
Mas um paradoxo de um sábado quase comum, mexeu comigo e eis-me aqui.
Independente do que eu estiver fazendo no momento, ouvir o hino nacional me faz parar qualquer atividade. Esta música, para mim a mais bela de todas, tem o poder de me emocionar. De acender em mim uma nacionalidade que até eu me esqueço de que tenho.
Por mais que saibamos que o mundo está cheio de países muito bem estruturados e politicamente organizados, países  limpos e de administrações limpas e transparentes e com qualidade de vida e infraestrutura muito superiores ao nosso; quando pensamos em nacionalidade, em origem, penso neste verde amarelo que mora no meu coração. Penso no verde da grama do meu quintal, da serra da minha cidade e nesta geografia tão fenomenal. Penso no amarelo do sol que nos cobre, nos 7.367 km de costa brasileira, no azul do céu que temos o ano inteiro e no azul do mar que nos rodeia.
Ainda falta tanto, ainda temos tanto que aprender, que crescer. Ainda somos vítimas de administrações medíocres, ainda somos aprendizes no mercado internacional, ainda nos falta um mínimo de infraestrutura para crescer. Todos nós sabemos disso, mas vamos seguindo com nossos projetos, com nossos propósitos e nossos negócios na esperança de que um dia tudo isso irá melhorar. 
Enquanto o país verde e amarelo assiste mais um espetáculo da sua grande arte, eu comemoro calada a primeira vez que a justiça conseguiu carimbar o seu nome na política brasileira. Meu coração silenciosamente saúda Joaquim Barbosa. Um homem que vai entrar para a história deste país. Alguém que ousou fazer diferente, que se permitiu não ter preço diante da corja de corruptos.
Nada vai trazer de volta o que foi roubado, mas que se restabeleça a dignidade de um povo que ama o seu país, cumpre seus deveres e trabalha duro por um país melhor. Que nossos ídolos sejam essas pessoas que, com determinação e coragem, têm nos mostrado novos rumos para um Brasil melhor.

Texto publicado no Jornal Agora Divinópolis em 19/11/2013
Imagem da internet
Leila Rodrigues



Este texto foi escrito em 16/11/2013, enquanto eu assistia a partida Brasil x Honduras com meu filho que ama futebol.
O Brasil venceu o jogo e mostrou que futebol se vence com futebol e não com pancadaria. Quisera eu que todos nós brasileiros, aprendêssemos essa lição. Nem tudo se resolve com um jeitinho...



domingo, 17 de novembro de 2013

Os diferenciados



O que faz algumas pessoas tão extraordinariamente especiais?

Alguns dizem que esta é uma questão química, que depende de uma combinação de cheiros  que nos atraem de tal forma que a achamos excepcionalmente melhor que as outras. Existe também a empatia que é quando nos identificamos com o outro.
Mas falo daquelas pessoas que nos agradam pelo simples fato de existirem. Podem ser pessoas do nosso convívio, ou simplesmente alguém que cruzamos toda manhã e nunca sequer sentamos para conversar. Ou um parente, um amigo querido, um colega de trabalho, tanto faz.
Falo daquelas pessoas que somam sem perceber, que agradam naturalmente. Identificá-las não é difícil, basta um segundo de pensamento e elas logo nos vêm à mente. Sabe por quê? Porque é agradável tê-las em nossas vidas, ainda que esse tê-las seja apenas cruzar com elas no elevador de manhã. 
Elas não têm um DNA específico, muito menos  um tipo sanguíneo comum. Nem sempre são lindas, nem sempre são jovens, nem sempre são inteligentes e nem sempre torcem pelo mesmo que time que nós. Mas têm em comum e de sobra uma verdade genuína que provoca em nós um conforto e uma vontade de sorrir de volta. 
Além disso, pessoas especiais, independente da graduação acadêmica, da cultura ou da idade, tem um código de ética superior aos demais. Pessoas especiais não nos corrigem enquanto falamos, não declaram seus bens ou seus feitos como se fôssemos o imposto de renda, não jogam água em nossas fogueiras de sonhos. Pessoas especiais são aquelas que nos permitem ser o que somos e que, muitas vezes, sem sequer perceberem, provocam em nós uma mudança maior que qualquer outro tenha tentado fazer. 
Pessoas especiais não nos cansam, não pedem a nossa explicação. Simplesmente nos acompanham. Pode ser que não concordem conosco, pode ser que nos deem um conselho ou uma opinião, mas nunca deixam de respeitar as nossas escolhas.
Pessoas especiais são aquelas que nos deixam terminar a frase, nos deixam contar a história, que assistem nossas conquistas sem apresentar uma conquista maior. Pessoas especiais sabem a hora certa de calar, de falar, de ouvir e de sorrir. E o fazem naturalmente, sem querer aplausos por isso.
Pessoas especiais são aquelas que, quando se vão, deixam em nós um rastro de saudade, uma vontade de continuar a seu lado. Considero-as pontos de luz neste universo escuro. Precursores da verdadeira evolução humana.

Leila Rodrigues

Texto publicado no Jornal Agora Divinópolis em 12/11/2013

Foto: Eu e Duda, uma amiga muito querida.