quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Ler para crescer




Eu tinha 6 anos quando comecei a ler. E em toda minha vida, não sei de nenhuma outra descoberta tão incrível como aquela. Lembro-me que fiquei tão encantada pelas letras que queria ler tudo. Foi como se uma janela imensa tivesse sido aberta para mim. E essa paixão continua até hoje. Já tive a minha fase clássica, depois a poética, a bairrista e posso dizer que estou na mais eclética das fases, gosto de ler tudo que me eleva a alma.
Sou de um tempo em que quem tinha uma enciclopédia em casa tinha um tesouro. E adquirir livros era difícil. Talvez por isso gostávamos tanto.  Através dos livros, conheço Paraty, Manaus, Budapeste, Índia e muito mais. Já viajei no tempo, passado e futuro e posso garantir que a minha imaginação fértil se deve a todos os livros que li. Tá bom você vai me dizer que pela internet pode-se conhecer qualquer lugar do mundo. Ótimo! Pode mesmo! Mas eu garanto que mesmo pela internet, para conhecer o mundo você vai precisar ler. Isto ainda não mudou. A leitura ainda move o conhecimento!
E então, para a minha alegria, teremos uma Feira Literária em Divinópolis! Que bom! Ouvir nossos autores divulgarem seus trabalhos e contarem suas histórias será um grande prazer. Além, claro, do movimento do livro. Divulgação, doação, troca e venda. Oportunidade principalmente para aqueles que estão começando e querem um segundo de atenção do leitor.
Com as redes sociais o plágio literário ficou tão banal que às vezes me pergunto se vale a pena divulgar nossas palavras. Um livro é como um filho que se gesta com todo cuidado para depois de pronto ver cortado o cordão umbilical. As palavras só são do autor até nascerem, depois serão do mundo e aí tudo pode acontecer. Podem amarelar em um canto da escrivaninha, podem ganhar algumas curtidas e nada mais ou podem atravessar fronteiras e se espalharem pelo mundo. Independente de onde vão parar nossas palavras, o que um autor quer é antes de tudo respeito. Respeito a este filho e ao pai que o gerou.
Que a feira literária desperte em todos nós o gosto e o respeito pelos livros. Que a geração do "copiar-colar" se envergonhe de colar o próprio nome nas palavras do próximo. Que as gerações futuras se recusem a aceitar qualquer história que lhe tolha a imaginação, a viagem única e infinita que só os livros podem nos proporcionar.  Aos idealizadores e organizadores do evento meus agradecimentos. E que Divinópolis e região usufruam da melhor forma possível desta oportunidade ímpar.

Leila Rodrigues

Site oficial do evento: http://www.flid.com.br/

domingo, 24 de agosto de 2014

Adeus mestre





Chegou o seu momento, o seu ponto final. Rubem Alves, escritor, poeta, filósofo, professor, mestre. Um grande mestre! Vá em paz e leve a certeza de que, aqui, você deixa um jardim imenso de ipês. Suas palavras, como você bem disse, suas sementes, já estão plantadas em nossos corações.
Nem deu tempo de apertar a sua mão. Nem deu tempo de você me conhecer e eu te dizer o quanto eu te admirava. Meus livros "seus" não são autografados. Também pudera, eu era apenas mais um no meio da multidão de leitores que como eu, queria te abraçar um dia.
Mas eu não queria ser sua fã. Eu queria mesmo era ter sido sua amiga, ter tomado um café com você e juntos apreciarmos a chuva na serra. Algumas vezes invejei a Tomikko e qualquer outra pessoa que lhe fosse próxima, simplesmente por estarem tão perto de você e eu não. Mas não foi nesta existência. Quem sabe nos encontraremos na próxima?
Mestre, ainda com o coração triste por te ver partir, eu quero me despedir de você de outra forma, relembrando aqui algumas vezes que você entrou em minha vida.
Por causa de você, no momento do meu desespero, dependurada na pirambeira dos meus problemas, eu enxerguei morangos e me agarrei a eles até achar a saída.
Por causa de você eu não esperei os sessenta e comprei vestidos vermelhos, floridos, coloridos, enfim eu continuo contrariando o modismo geriátrico do cinza e preto e colorindo-me à minha maneira.
Por causa de você eu vivo quebrando as gaiolas. As que eu invento e as que inventam para mim. E sinto-me alada e feliz. Asas não envelhecem.
Por causa de você eu adoro pimentas e sem incendiar eu as acrescento em tudo que posso. Seja num simples prato de comida ou nos meus pensamentos-pimenta que temperam a minha vida e consequentemente temperam o mundo ao meu redor.
Por causa de você eu não espero a morte todas as manhãs e nem conto menos um a cada anoitecer. Eu quero a surpresa do ponto final e os meus dias cheios de alguma coisa qualquer. Que sejam palavras, que sejam jardins, que sejam meus sonhos meninos empoeirados na gaveta, eu tenho muito a fazer.
Por causa de você eu me dei o direito de não terminar de ler um livro, de repetir a leitura de outro que me agradou, de ler aquilo que eu quiser e sentir prazer. Foi libertador não seguir nenhuma lista, nenhuma orientação catedrática.
Entraste tão sutilmente em minha vida que nem eu imaginei que seria para sempre. Primeiro na estante, esperaste calado e tranquilo o momento certo de eu te buscar.  Depois no meu colo onde tantas vezes adormeci marcando alguma página no momento em que o cansaço me venceu. E finalmente no meu pensamento onde nunca mais você saiu. Só agora, vendo-te ir é que eu me dei conta de que, por causa de você eu causei um reboliço em mim.
Adeus mestre, foi um prazer e uma honra tê-lo tão perto.

Leila Rodrigues
Minha homenagem ao grande escritor Rubem Alves
Publicado no Jornal Agora Divinópolis em 05/08/2014
Imagem da Internet

Queridos leitores,

Peço desculpas pela falta de postagem. Estive sem condições de fazê-lo por alguns dias. As postagens continuam. Obrigada a todos pelo tempo destinado a esta leitura. Esta semana teremos a FLID – Feira Literária de Divinópolis (a nossa primeira). Convido a todos para participarem.
Grande abraço

Leila Rodrigues