segunda-feira, 24 de agosto de 2015

A melhor festa


O que faz uma festa ser realmente boa? Um bom bufê com comidas nobres, entradinhas leves, taças de cristal, pratos bem pensados e preparados com precisão? Ou uma mesa impecavelmente arrumada, talheres  luxuosos, garçons bem vestidos e música clássica ao fundo? Pode até ser que com tudo isso a festa seja boa, mas o impecável não garante a satisfação dos convidados. Para uma boa festa, pode ter tudo isso ou nada disso! O que faz uma festa realmente boa é a energia que se cria. Já estive em festas extremamente bem preparadas, comidas fartas e saborosas porém sem emoção. Também já estive em festas em salões luxuosos convites disputadíssimos e que na hora H deixaram a desejar.
A boa festa é aquela que te deixa tão à vontade que você nem se lembra de reparar o vestido de onça da fulana ou o paetê da ciclana. Sabe por quê? Isso deixa de ser importante. Em festa boa de verdade você se sente ocupado com a festa. Isso é muito diferente de quando você é um mero expectador.  
O cantor pode até esquecer a letra da música que os convidados cantam por ele. Pode faltar copo, faltar cadeira ou faltar celebridade, o que não pode faltar em festa boa é alegria! Essa sim, tem que existir de sobra. No ambiente, no semblante dos anfitriões, nos convidados, no ato de festejar, tudo tem que estar permeado de boas energias, de alegria e da vontade de comemorar.
Decoração, luxo e perfeição é ótimo! Todos nós gostamos! Mas amigos de verdade quando se reúnem querem mesmo é se divertir. Os anfitriões são peça-chave pois o sucesso depende mais deles do que dos detalhes.
E se você puder juntar tudo isso a uma comida feita com amor e carinho, melhor ainda! Comida feita com cuidado e amor tem sabor diferente. Agrada de verdade! Comida que não só satisfaz a fome, mas desperta o interesse de quem come.
Em festa boa de verdade tudo é perfeito do seu jeito, no seu devido lugar sem que isto esteja em algum padrão. É perfeita porque fez todos felizes, gerou alegria, contentamento e satisfação.
É simples reconhecer a melhor festa. Ninguém quer ir embora! Para a música, param de servir e você continua lá saboreando a alegria do momento, torcendo para que ele não acabe jamais.

A melhor festa dispensa lembrancinhas pois fica naturalmente em nossa lembrança por um bom tempo. Este é o verdadeiro sabor de "quero mais”.


Leila Rodrigues

Imagem da internet

Publicado no Jornal Agora Divinópolis e no JC Arcos

Se você tem um casal de amigos que se chamam Amnys e Cleide, ou se você já visitou a casa do Sr. Marcos Antônio e D.Irene vai entender o que eu estou dizendo. Trouxe comigo a vontade de voltar.


quinta-feira, 13 de agosto de 2015

A escolha



Levada pelo pensamento, como o vento leva a chuva, ela caminhava de volta para casa. Sempre a pressa, sempre o tempo. Contrariando o cotidiano, desta vez não era a janta que habitava seus pensamentos, nem o dever das crianças, nem o vazamento da pia. Quem a acompanhava pelo caminho era seu devaneio mais recente, uma nova oportunidade. Sim, uma oportunidade, essa dama encantada que habita nossos horizontes, havia beijado a sua face. Àquela altura de sua vida uma oportunidade de começar de novo, de um jeito novo em um novo lugar! Só de pensar nesta possibilidade, ela já se sentia embalada por este novo mundo. Riu de si mesma, conversou sozinha, não conseguiu parar de pensar. Fez e refez mil planos na cabeça, sentiu frio na barriga, tudo isso movida por esta janela que se abrira em sua vida.
A dúvida atormentava-lhe a mente. De um lado, a velha e costumeira vidinha de sempre, família, filhos, trabalho. Tudo tão encaixado para caber na agenda e na vida que até os problemas já lhe eram previsíveis. Não fosse a mesmice dos dias, não fosse a falta de emoção, diria que estava tudo perfeito em sua vida. Para quê mexer?
Do outro lado, feito criança na roda gigante, a oportunidade lhe convidava a largar a zona de conforto e experimentar começar tudo de novo. Quantas vezes ela não desejou, desesperadamente, uma oportunidade de recomeço? Quantas vezes, no auge da dificuldade e da dor, ela não quis uma chance desta? E agora que ela menos esperava, que ela já se havia acostumado com o que tinha, surge este pacote surpresa para dividir seu coração ao meio?!
Chegara a perder a fome, tamanha a dúvida. Silenciosamente cultivava aquela dor de quem precisa decidir um caminho a seguir. A dor não era escolher o caminho e sim, deixar um caminho. O que doía não era o caminho a ser escolhido, mas o que fosse deixado para trás, seja ele qual fosse. Descobriu que estava mais presa aos seus do que imaginava.
Resolveu colocar tudo na balança. E se surpreendeu! Descobriu uma equação que não se ensina nas escolas. Pessoas pesam mais que propostas, saudades medem mais que a distância, liberdade pesa mais que comodidade e felicidade nem sempre combina com facilidade. 
Diante de tamanha dúvida, ela rezou, pediu, pensou, calculou, chorou, sorriu e finalmente experimentou o momento mais solitário da vida. A hora de decidir. 
E assim decidiu! Optou por ser feliz. Achou este o caminho mais adequado.



Leila Rodrigues

Imagem da internet


quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Quem é ela?




O mercado é mestre em criar datas comemorativas. Há poucos dias tivemos o dia do amigo. Não me lembro desta data na minha infância. E olha que as amizades eram até mais intensas! Todos os dias deveriam ser de nossos amigos, mas com a correria do mundo moderno ter um dia para os amigos não foi uma má ideia. Afinal eles merecem no mínimo um dia do ano para que possamos agradecê-los pelo bem que nos fazem simplesmente por existirem.
Se vamos falar de amigos, então falemos dela. Quem é ela? Ela é aquela amiga que se não existisse, nós a teríamos inventado. É aquela pessoa necessária, imprescindível para a nossa evolução. Ela não precisa necessariamente ser a mais bela, nem a mais fina, nem tampouco a mais graduada, ela precisa apenas de algo que a faz única, é uma pessoa verdadeira. É aquela pessoa que não veio ao mundo para fazer nossas vontades, muito pelo contrário, ela é a única que tem coragem de nos dizer que estamos péssimas, que precisamos sacudir a poeira e dar a volta por cima, ou que precisamos passar um batom e seguir em frente. Quem não tem uma amiga dessa, perdeu metade do tempo se lamentando.
É com ela que queremos chorar nossas mágoas porque sabemos que ela vai tolerar por pouco tempo e logo logo vai dar um jeito de nos tirar do sofrimento. É ela que vai dizer que aquele sujeito não presta, que não precisamos comprar 5 camisas brancas, que o casamento é de dia portanto a roupa não precisa brilhar e ainda por cima vai dividir a conta em proporções mais exatas que qualquer calculadora faria. Só ela faz isso. Só ela é confiável a ponto de pagarmos calados as dívidas dos aniversários,  sem questionarmos uma vírgula.
Há quem diga que ela é mandona, eu prefiro dizer que ela é mãezona. Preocupa-se com todos e doa mais do que deveria para ver tudo em ordem. E ai se alguém mexe com um dos seus eleitos! Ela vira uma fera!
Ela organiza as festas com prazer, tomas as frentes mesmo quando chega atrasada e se não fizer parte da comissão de frente, pode esperar que vai fazer falta! Ah minha amiga o que seria de nós sem você? Sem a sua alegria, sem os seus valores intensos, sem a sua honestidade ímpar?
Como é bom ter você no nosso convívio! Como é bom te ver chegando trazendo barulho, alegria e de quebra uma cerveja Deus para descontrair. Romilda Maria Pinto Nogueira, minha leitora querida, esta pessoa é você! Uma amiga que faz por merecer este nome. A você o nosso carinho e a nossa eterna gratidão.
Leila Rodrigues

Imagem da Internet
Publicado no Jornal Agora Divinópolis em 28/08/2015