sábado, 11 de novembro de 2017

Gosto não se discute



Eu sempre achei a arte um negócio muito interessante. Acho incrível como o artista transforma tudo em algo bonito, novo, moderno, repaginado. Também gosto de música e de  cozinhar. Mas não faço questão nenhuma dos meus amigos gostarem de arte, de música ou de  cozinha. Nunca tive problemas com quem pensa diferente de mim. Tenho alguns amigos que só vestem camiseta preta e outros que gostam de meditar. Gosto do gosto deles porque combina com eles. 
Eu tenho amigo jovem,  eu tenho amigo negro, eu tenho amigo velho, eu tenho amigo que trabalha demais e tenho amigo que não faz nada na vida. Eu também tenho amigo branco, eu tenho amigo gay, eu tenho amigo doutor, escritor, cabeleireiro, ceramista, aposentado, separado e recém-casado. 
Ah e tenho amigo que nunca vi, amigo que é meu vizinho, amigo pai de família, amigo de todo jeito. 
E todos eles têm algo em comum. Eles são autênticos! Eles são o que são e é exatamente isso que me fascina. Eles gostam da vida, gostam de viver. Alguns gostam de cantar e quando estamos juntos, cantamos juntos. Outros gostam de uma boa prosa e quando estamos juntos o tempo é sempre curto para tantas falas. E tem aqueles que a sintonia é tão grande que nem precisamos estar juntos para sabermos que nos queremos bem. 
Eu gosto mesmo é de gente de verdade. Gente que ri, que chora, que se esfola todo de vez em quando. Gente que tenta, que vai, que se arrepende, que manifesta, que declara seu amor e chora sua dor sem se fazer maior ou menor. Gosto de gente que me empurra, que me tira do lugar comum, que me questiona, que reclama de mim para mim,  que me desafia, que pensa diferente, que me transforma e me faz ver as coisas sob um outro ângulo.
Gosto de gente que envelhece, que pede licença, que sabe rir de si e que não tem vergonha de chorar. Gosto de gente sem rótulo, aqueles que eu tenho que conversar muito para conhecer seu conteúdo, sua essência. Gosto de gente que funciona quando a luz acaba, quando a comida esfria ou quando a dor me invade. Gosto de gente que não ensaia, que derrapa de vez em quando e que me deixa ser quem eu sou. Gosto de gente que gosta de gente, que abraça de verdade, que se alegra com a alegria dos outros, que não tem vergonha de amar. E para finalizar, gosto de gente que não se dá conta do tamanho que têm! Esses são os melhores! 
É disso que eu gosto! E tenho dito! 

Leila Rodrigues

Publicado  no Jornal Agora Divinópolis e no JC Arcos
Imagem da Internet - Jiló - amado por uns, odiado por outros

Olá pessoal,

De vez em quando é preciso ter muito claro o que gostamos e o que não gostamos. Até mesmo para sabermos discernir uma coisa da outra. O discernimento precede decisões mais assertivas. Hoje foi dia de relembrar do que eu realmente gosto.
Peço desculpas pela falta de postagem na semana passada, estive fora mas já estou de volta.
Tenho recebido alguns feedbacks dos leitores, o que me deixa muito feliz. Pessoas que eu encontro nas ruas, alguns que procuram o Jornal e pedem meu contato ou até mesmo nas redes sociais. 
Obrigada a todos! Vocês me motivam a querer escrever cada vez mais. 

Grande abraço


Leila Rodrigues

6 comentários:

  1. Maravilhoso... Gosto de gente de verdade... grande abraço.

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  2. Ler suas crônicas, Leila é esbarrarmos com nossa própria história de vida que, muitas vezes, fica nas entrelinhas. Você desnuda-a. E, de repente, vemos um grande espelho refletindo nossas verdades! Obrigada!
    Abraço.

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  3. Gosto demais desse texto, gostei assim como se tivesse sido eu mesma q o escrevi.

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  4. Verdade,gosto não se discute, mas o que é gostoso podemos compartilhar. Delícia de crônica! Parabéns!

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  5. Texto maravilhoso. Encaixa na vida de muita gente.

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  6. Magnífico! Você é maravilhosa e sabia que delícia de crônica! Veio a calhar com tudo que estou sentindo no momento;obrigado mesmo viu.

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