Tento escrever cartas de
amor, mas o que fazer com as cartas, em tempos de internet? O romance se foi e
vejo que o amor sobrou sozinho à espera daqueles que ainda têm a audácia de vivê-lo. Sim, é audacioso amar.
Amar nunca foi fácil!
Acredito que agora ficou ainda mais difícil. Amar, depois da tecnologia, dos
livros de autoajuda, do coach e das redes sociais ficou quase impossível.
É preciso atravessar a
super auto estima, a meta pessoal, a carreira, todas as redes sociais e muitas
selfies para chegar ao amor. Passada todas as etapas do processo de seleção de si próprio,
mais todas as ferramentas de auto conhecimento, será que sobra amor para o
outro?
A pessoa fica tão foda, tão
maravilhosa, tão “empoderada” que
não sobra amor para mais ninguém!!!! É uma escola de narcisos!
Todos são super! Não
há lugar para os mortais, para os comuns, para os que não gostam de subir ao
palco.
Tenho visto as pessoas tão
apaixonadas consigo mesmas que não conseguem
achar ninguém à altura delas!
Vivem um relacionamento
ilusório com elas mesmas e ao mesmo tempo são carentes de um parceiro. Mas como
achar parceiro para quem se coloca acima da humanidade? Como encontrar lugar
para o outro numa vida que já vive um relacionamento sério entre “eu comigo e
eu mesmo”?
Amar é partilhar a própria vida.
Amar é antes de tudo,
fazer companhia. Não importa a distância, quando amamos, temos companheiros e companheiras.
O amor não foi feito para
os perfeitos. Ele não sobrevive neste meio. O amor fecunda no improvável, no incerto,
nas entrelinhas das nossas verdades mais escusas.
Amar é correr riscos, é baixar as máscaras,
se desnudar. Amar é deixar o mundo acontecer lá fora e se trancar com o outro num
quarto qualquer. Amar é querer acima das condições físicas, financeiras, metereológicas
e geográficas. Amar é um grande desafio.
O amor gosta da
simplicidade, do descontrole da situação, do riso solto. O amor de verdade
dispensa a maquiagem, o carro, o título, o sobrenome. E narcisos não vivem sem
eles.
Vai chegar o momento em
que a geração da foto perfeita vai ter que fazer uma escolha. E aí, cartas de
amor deixarão de ser ridículas;
famílias voltarão a fazer parte dos planos dos jovens e viver será mais que
receber likes.
Tudo em excesso prejudica,
até o empoderamento. Fica
a dica!
Leila Rodrigues
Publicado no Jornal Agora Divinópolis e no JC Arcos
Olá pessoal,
Em tempos de tantos selfies, likes e curtidas, será que ainda sobra amor para o outro?
Vale a reflexão!
Grande abraço
Grande abraço
Leila Rodrigues
Parabéns pela reflexão, Leila! Mais uma vez, fantástica! É triste ver pessoas se voltando tanto para si mesmas que acabam por passar, como uma locomotiva, sobre outras que lhes dedicam afeto sincero.
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