Imagine
que, se ao nascermos, nossos pais nos registrassem por números e não por nomes.
45, 23, 27, 91... Convidamos para o casamento de 91 e 37, seus filhos serão
todos 93 alguma coisa.
Este
número existe e está lá na nossa Certidão de Nascimento, mas optamos por nos chamarmos carinhosamente
pelos nossos nomes. Somos felizes como Maria, Daphne’s e João. O que não
adiantou muito porque, para tudo que vamos fazer, temos um código. A famigerada
senha.
Já parou
para pensar quantas senhas você tem hoje? É tanta senha que já existem
“caderninhos de senha” para presentear.
E quantas senhas você tem que pegar para resolver seus problemas? Somos
todos escravos das senhas. Senha para tudo que é digital, senha para fazer
exame de sangue, senha para comprar remédio, senha para ser atendido, senha
para entrar dentro de casa, senha para que te quero!!! É muita senha! É a
lógica entrando em cena para organizar as filas e abrir as portas. Senha para acessar,
senha para entrar, senha para garantir que seremos atendidos, senha para botar
ordem no recinto.
Só as
senhas para colocarem as filas em ordem. Afinal, estamos todos na fila. Estamos
sempre na fila de alguma coisa. Na fila, à espera, na expectativa da solução. À
espera do sinal abrir, à espera do elevador, à espera do resultado de um exame,
à espera do sim do cliente, à espera do pagamento, à espera do filho na porta
da escola, à espera da decisão de alguém, à espera da bolsa subir, à espera da
cura, à espera das próximas férias, à espera.
Viver é
enfrentar uma grande fila. Expectativa é nosso nome do meio. Estamos sempre na
expectativa de algo, sempre na fila.
E esta
expectativa é a responsável por termos
insônia, úlcera, taquicardia, infarto e até a morte.
A espera
nos adoece. A fila dos problemas destrói nossa saúde. Principalmente quando
dependemos do outro, quando dependemos da burocracia, quando dependemos da boa
vontade, quando dependemos da tecnologia ou até mesmo da mão Divina para nos
tirar das nossas filas problemáticas. Aí o jeito é esperar. Esperar e cuidar da
saúde que temos. Porque esperas, literalmente, nos adoecem. Esperas, matam mais
que acidentes. Morremos na fila; morremos com a senha na mão à espera da
solução.
É
preciso olharmos fora da fila. Tem um monte de coisa para fazer que não precisa
de senha, nem de fila. E essas, são as melhores.
Leila
Rodrigues
Publicado
no Jornal Agora Divinópolis e no JC Arcos
Imagem: http://www.acction.com.br
Olá pessoal,
Com tantas senhas e
filas de espera, que tal buscarmos aquilo que nos oferece portas abertas e livre
acesso? Há coisas muitas boas para fazer que não precisam de senhas. Aproveitem
o final de semana e busque por elas!
Grande abraço
Leila
Rodrigues
🙌🙌🙌
ResponderExcluirOtimo para refletir. Um sutil puxão de orelha, a vida é muito mais do que senhas. Parabéns Leila
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