domingo, 8 de julho de 2018

Meus discos e livros e nada mais



Sempre fui apaixonada por livros. Sou daquelas que tem uma lista de livros para ler constantemente. Gosto de comprar, de manusear, de sentir o cheiro, de organizar na estante e principalmente de ler. Também tive minha fase de discos, que um dia foi substituída pelo CD, depois pelo MP3 e agora pela assinatura digital de um aplicativo de música, onde eu crio a minha própria biblioteca (playlist) para ouvir a hora que eu quiser, onde eu estiver, na ordem que eu preferir. Não sei se rio ou choro com tudo isso. Meus discos, impecavelmente bem guardados, repousam tranquilos à espera de um destino digno. 
Quando penso que os livros vão acabar, que tem uma geração que está chegando aí, que não vai mais saber escrever e que, para esta geração, os livros são entediantes e pouco criativos, eu fico apática.  Não quero ir contra a evolução, nem pretendo fazer apologia ao passado. Porém preconizo, com total consciência, que se restabeleçam as raízes, as tradições e sobretudo a história. 
Ainda que isto muito me entristeça, que morram os livros; desde que seus conteúdos sejam salvos em algum lugar sagrado da tecnologia. Como já dizia Ché Guevara, “um povo sem história é um povo sem futuro” e está fadado a cometer os mesmos erros. 
A história de um povo, de uma empresa, de uma família, de uma cidade ou de uma nação, precisa ser reestabelecida, registrada, contada e respeitada. Este é o primeiro passo na árdua tarefa de reeducar uma nação que perdeu seus valores. A ética só terá chances de ser recuperada, se começarmos dentro de nossas casas, contando aos nossos filhos nossas próprias histórias de desafio e superação. Mostrar aos nossos filhos que vencemos pela ética e o respeito ao próximo, ainda que tenham sido pequenas vitórias, será como plantar uma semente do bem. Semente que mais tarde, bem distante dos nossos olhos, mostrará seus frutos. E consequentemente nas próximas gerações. Eu ainda acredito que a base da educação está nas atitudes de quem educa, de quem lidera, de quem decide o futuro de outrem. 
Vejo pais preocupados, trabalhando no limite da exaustão para deixarem os filhos acobertados de bens e completamente descobertos de valores e afetos. Ingênua eu de achar que a transformação se dera apenas na estante da minha casa! 
Sob a voz impecável de Eliz Regina, eu que sonhei um dia  deixar de herança, “meus discos e livros e nada mais”; chego à triste conclusão que, “nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia”! E viva Lulu Santos! E Eliz Regina na playlist! 

Leila Rodrigues

Publicado no Jornal Agora Divinópolis e no JC Arcos
Imagem: http://meusdiscoselivrosetudoomais.blogspot.com/2010/10/dedicatorias-de-livros.html

Olá pessoal,

as pessoas sempre me perguntam quando é que vai sair o meu livro. O ano passado ele quase saiu, mas por questões pessoais, adiei o projeto. Já está tudo engatilhado, faltando mesmo, só coragem para começar. Não vou esconder que esta geração tecnológica me assusta  e me desanima um pouco em relação ao livro. Mas eu acredito que, sedentos de conteúdo, todos nós um dia estaremos. Em algum momento da vida, todo ser humano tem necessidade de ouvir. Ouvir palavras que não sejam as nossas, ouvir alguma coisa que nos “chacoalhe” por dentro, ou que nos divirta e nos tire do lugar comum.
Por enquanto vamos seguindo com as crônicas que agora saem na edição de quarta do Jornal Agora Divinópolis e aos domingos no JC Arcos.

Grande abraço

Leila Rodrigues

  

2 comentários:

  1. Concordo com sua visão de manter nossa cultura e história. Afinal um dia seremos apenas história .. E elas ficarão para sempre.

    ResponderExcluir
  2. Os melhores valores são os exemplos de nossas atitudes e afetos distribuídos gratuitamente. Ações intempestivas jorram demais. A prática da ética, e da educação sinalizam a cultura de um povo... Como estamos longe!! Urge acordarmos! A melhor herança não é contabilizada em numerários na conta bancária, mas em dons que multiplicamos nos nossos...
    Abraço.

    ResponderExcluir

Obrigada pela visita. É muito bom ter você por aqui!
Fique à vontade para deixar o seu recado.
Volte sempre que quiser.
Grande abraço