domingo, 20 de maio de 2018

Meia volta volver


Ela caminhava apressada a poucos metros à minha frente. Carregava algumas sacolas.  Parecia uma pessoa  determinada e segura.  E de repente, sem nenhuma seta, nenhum aviso, virou para traz e fez o caminho inverso. Não tive como não perceber, assustei e rimos juntas quando vi que era uma conhecida. Ela sorriu e disse tranquilamente, “faz parte, não é mesmo?”
Continuei meu trajeto pensativa. O que será que esqueceu? Onde estaria indo e desistiu? 
Fomos criados para não desistirmos jamais,  para não desanimarmos, para praticarmos a resiliência. Contudo, resiliência não pode ser confundida com insistência. Mesmo porque, nem tudo que começamos vai dar certo ou vai durar eternamente! Algumas coisas tem prazo de validade sim e este prazo precisa ser respeitado! 
Parar, encerrar,  desistir, não significam, necessariamente, que não foi bom ou que não houve aprendizado. Desistir pode ser libertador!
Admiro quem tem a coragem de praticar o famoso “meia volta volver”. Aqueles que têm a bravura de tomar a iniciativa e acabar com o que sufoca, o que angustia, o que já deixou de dar satisfação faz tempo. Geralmente são eles, os corajosos de plantão, os que são julgados como fracos ou como os ruins da história. Mas também são eles, as pessoas mais leves e mais preparadas para novas experiências. Eles não têm vergonha de dizer que caíram, que tentaram, que faliram ou que começaram de novo. Isso é parte da vida deles como também é parte o recomeço, a conquista e a vitória. 
Não importa quanto você já caminhou, não importa quão tortuosos foram seus caminhos. Importa a sua temeridade em tomar as rédeas do seu destino. Mudar de vida, mudar de rota ou de rumo depende de cada um de nós. 
Vejo jovens angustiados por terem que atender expectativas dos pais e não às suas próprias. Vejo pessoas entristecidas, fazendo trabalhos medianos  sem coragem para atuarem naquilo que têm paixão. Vejo casais que estão juntos mas não estão sequer próximos. Apenas estão ali, mantendo algo que não existe mais. Tudo porque vivemos em uma cultura onde desistir é sinônimo de derrota. 
Mediocridade! Derrota é não tentar! Derrota é se acomodar! Derrota é se contentar com a vida sem emoção! Isso sim é se fazer um derrotado! 
Não te faz bem, não te acrescenta, não te engrandece, não te dá alegria nem prazer, então junte seus soldadinhos e saia da brincadeira. Meia volta volver também é vida que segue! É assim na infância e assim deve ser para a vida inteira. Afinal, viver há de ser uma gostosa brincadeira! 

Leila Rodrigues

Publicado no Jornal Agora Divinópolis e no JC Arcos
Imagem da Internet

Olá pessoal,

Esta semana recebi um feedback do Jornal Agora que me deixou muito feliz. Escrevo há 7 anos para o Agora e sou grata a este veículo e aos leitores que sempre me procuram. Minhas crônicas agora sairão na edição de sábado. Obrigada Flávio (Jornal Agora) e aos leitores por prestigiarem  meu trabalho.
Sobre a postagem de hoje, eu realmente admiro pessoas que sabem dar meia volta, volta inteira, um passo para trás, enfim, admiro quem não tem medo de mudar de rumo!
Meia volta, volver” é um comando militar que significa mudar de sentido numa volta de 180° sem retirar o pé do chão. Tudo a ver com o que falamos.
Sigamos pois, com a coragem necessária para mudarmos o rumo da nossa história sempre que preciso for.
Grande abraço


Leila Rodrigues

2 comentários:

  1. Oi Leila que bom vir aqui hoje e ler esta bela cronica do encorajamento. Desistir para crescer, desenvolver-se. Parece com a famosa tática de um passo atrás para avançar atribuída ao Lênin.
    Bela cronica e parabéns pelo reconhecimento de suas cronicas neste jornal com mais divulgação de seus escritos.
    Uma bela semana nas Minas tão Gerais.
    Meu terno abraço de paz e luz.

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    1. Oi Toninho, obrigada pela visita e pelo comentário! Seja sempre bem-vindo ao Palavras! Paz e luz para você também
      Abraços

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