sábado, 19 de setembro de 2015

Pelo direito ao "off"



É domingo de manhã. Estou com meus pais, meus irmãos e sobrinhos. O cenário é a cozinha da minha mãe. O lugar mais simples e mais acolhedor que eu conheço. Ela faz o café de sempre e começamos a conversa. Sem roteiro, sem cerimônia, sem segundas ou terceiras intenções. É em um desses momento que eu decididamente exerço o meu direito de ficar off. 
Sim eu quero o direito de permanecer desligado ou de ligar-me quando eu bem entender. Quero o direito de curtir os meus amigos, meus discos e livros dentro da minha casa ou onde quer que queiramos, desde que seja apenas entre nós. Quero o direito de praticar o verbo curtir e compartilhar através de abraços e olhares. 
Quero ouvir a voz dos meus verdadeiros amigos. Quero um abraço de verdade no dia do meu aniversário. Quero olho no olho. Quero pele, calor, abraço, risada. Quero tocar, sentir, cheirar e saborear meus momentos. Quero o mais comum dos presentes, presença! Quero comer, beber, dançar, cantar e ser feliz sem necessariamente divulgar os meus momentos. Nada contra quem o faz. Cada um usa seu espaço tecnológico como lhe convém. Mas não me cobrem uma exposição que não faz parte dos meus princípios. Admiro e me divirto com quem o faz por livre e espontânea vontade e não para angariar curtidas como se fossem ações da bolsa. 
Eu já sei que a tecnologia é um caminho sem volta, também sou uma cidadã que usufruiu de todas as possibilidades tecnológicas mas daí a me tornar uma pessoa  alienada que não é capaz de  desgrudar do celular nem para ir ao banheiro já é demais! E ainda que eu use a tecnologia para tantas coisas boas e interessantes, que eu tenha o direito de não me expor, que eu respeite os limites que eu um dia coloquei para mim. E que o meu padrão de escolha seja respeitado pelos demais. 
Quero dizer eu te amo para quem eu amo ouvir. Quero o direito de passar um dia desconectado do mundo e conectado às minhas raízes, aos meus filhos, enfim, às minhas escolhas.  Que a minha falta de jeito com fotografia seja respeitada e que eu continue tendo o direito de aproveitar as minhas viagens sem narrá-las como se fossem um programa de viagens da TV. 
Então se eu tiver off e não participar da sua conversa do seu post ou do seu grupo, respeite o meu direito de conexão privada comigo. Não me cobre um filme da minha vida, porque eu estou ocupado demais vivendo! 


Leila Rodrigues

Imagem da internet

Publicado no Jornal Agora Divinópolis e no JC Arcos

4 comentários:

  1. E tem ambiente melhor do que o seio da família? Do que a cozinha da mãe? Claro, todos nós temos esse direito ao off sim, a correria, as obrigações são muitas. Curta bem!

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  2. Amei ler aqui, também sou assim, amo o prazer de poder fazer o que me dá prazer, ser eu mesma, como é bom, li o seu perfil e temos um gosto em comum, além desse prazer de viver livre e feliz, o filme Tomates Verdes Fritos, já assisti muitas vezes, é lindo!
    Deixo aqui um abraços apertado!

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  3. Do respeito à minha individualidade eu não abro mão. Sou seletiva sim! Em família (e olhe que há restrições...) há o espaço sagrado de expormo-nos. Fora desse espaço é puro ilusionismo barato de seguidores, de curtidas, e de opiniões/ ou comentários que não nos dizem, nem acrescentam nada! Com sua permissão, endosso suas palavras, em seu blog "PALAVRAS", Leila!
    Abraço.

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  4. Boa tarde, Leila.
    Existem pessoas que nos cobram demais por não estarmos presentes em seus espaços como elas gostariam.
    Fato é, que todos gostamos de ser lidos e comentados,seria uma hipocrisia dizer o contrário, mas, necessariamente, não estamos dispostos a ficar 24h on.
    Estar off também faz um bem incrível para nós mesmos, portanto,sejamos felizes antes de qualquer coisa.
    Tenha uma semana de paz.
    Beijos na alma.

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