quarta-feira, 2 de julho de 2014

O canto do Gigante




Gosto de aperto de mão. Mas de aperto de mão de verdade! Inteiro, forte, consistente. Aperto de mão com pegada! Tenho dificuldade quando encontro alguém que não cumprimenta com vontade. Preferia que ficasse só no oi e não me estendesse a mão, já que não posso sentir firmeza no toque. Mas isso faz parte de mim e vai muito além do aperto de mão. Não sei estar em lugar nenhum sem fazer parte. Não sirvo para ser enfeite. Não me incomodo nem um pouco em ser figurante, em fazer parte da plateia, mas gosto de participar.
O envolvimento é do ser humano. Acontece e pronto. A pessoa envolvida não se contenta no seu encanto. A pessoa envolvida quer mais! Na hora do jogo torce, na hora do gol abraça, na hora do aperto compartilha, na hora do choro abraça de novo! É assim! Sem explicação, sem que isso signifique que ela quer algo em troca.
Vivemos neste sábado uma emoção indescritível com o jogo do Brasil. E ainda que eu entenda muito pouco de futebol, foi impossível não sentir frio na barriga, não torcer, não suar de expectativa pelos meninos de verde e amarelo. Tentei não assistir e não ouvir, mas foi impossível porque cada casa tinha alguém acompanhando, torcendo e tecendo seus comentários. Naquele momento, fomos todos técnicos, juízes, comentaristas e porque não um jogador a mais. É quase impossível não se envolver.
O que eu penso é que se conseguimos nos envolver tanto no momento do jogo, se conseguimos ser um só para torcer, porque não conseguirmos nos envolver de verdade no momento de escolher nossos representantes?  No momento de exigir qualidade, de negar o “jeitinho”, de abrir mão do benefício próprio em benefício da sua cidade, do estado e da nação? Sabemos fazer bonito no momento de festa, não podemos fazer tão bonito quanto pelo nosso país?
Tenho visto turistas estarrecidos com o clima, com o riso brasileiro, com a festa, com a liberdade de ir e vir, de comemorar; tudo isso são coisas que eles não têm em seus países e nós temos de sobre porque faz parte de nós. Em contrapartida somos completamente acomodados nos nossos direitos mais básicos como saúde e educação.
Tá lindo ver o Brasil cantando o hino junto, mesmo que a orquestra pare.  Provamos que é possível cantar sem maestro! Busquemos um maestro que realmente nos represente, que represente o que merecemos de verdade e aí sim poderemos todos cantar novamente que o gigante está de volta!

Leila Rodrigues

Publicado no Jornal Agora Divinópolis em 01/07/2014
Imagem da Internet

8 comentários:

  1. Muito legal teu texto, só não concordo com a liberdade de ir e vir que os turistas aqui viram. Ela é FALSA! Pelo menos aqui no RS, em Porto Alegre. Nem bem o padrão FIFA de segurança se retirou, tudo novamente se mostra... Era tudo fantasia pra "inglês" ver...

    Quando isso se ajeitar, quando tivermos bons governantes que pensem no POVO,em tudo que ele REALMENTE precisa, até cantarei junto...

    por enquanto apenas ouço...beijos,linda semana,chica

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  2. Amiga Leila, realmente é bonito ver o brasileiro cantando, vibrando, passando energia positiva. Esse estado de coisa decepcionou os pessimistas, que juravam que a Copa aqui seria um fiasco, porém, muito pelo contrário, tudo está saindo legal. Aqui em Porto Alegre, por exemplo, foi criado "O caminho do gol" nos dias de jogos no estádio BeirA-Rio. A mão da Rua Borges de Medeiros, no sentido Centro Histórico - Bairro, foi bloqueada para veículos, e a prefeitura colocou várias Goleiras gigantes, na cor verde-amarelo com a inscrição, O CAMINHO DO GOL, e setas indicativas na direção do estádio. Dias de jogos, aqui está sendo uma festa.
    Voltando ao seu questionamento, claro que precisamos exigir mais, muito mais, por que infelizmente, nossos representantes, seja de qualquer partido, estão preocupados consigo próprios e pouco ligando para nós, o povo. Por outro lado, nosso modelo político está montado num sistema carreirista, onde o postulante a cargo político, quando eleito, se bem sucedido no beneplácito das urna, poderá ficar politicando 30, 40, 50 anos dentro de um círculo vicioso. Política deveria ser missão, doação, preocupação com o bem comum ao invés politicagem, negociatas, falcatruagens, etc...
    Um abraço daqui do sul do Brasil. Tenhas uma linda tarde.

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  3. Tenho um pensamento muito parecido com o seu.
    Aperto de mão de gelatina, não, nunca!
    O Brasil tem, neste momento, milhões de portugueses a torcer por ele, Eu estou!

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  4. Olá, Leila. Maravilha!! Assim vamos todos nós nessa corrente de alegria de festa. Perdemos um guerreiro, más ainda não perdemos a guerra! Lindo texto!! Avante Brasil!! bjos e bom domingo.

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  5. Leila, já comecei o texto me identificando por completo (mais uma vez rsrsrs): se não for pra apertar firme, não me estenda a mão! E, além do aperto bem dado, que olhe nos olhos, ou fica só no aceno de longe! rsrsrs

    Assim como você, também fui contagiada pela alegria de ver nossa seleção avançar, contrariando tudo que se proclamou e até se desejou pelos mais revoltados. Não está sendo um fiasco, nossa gente é linda, fez uma bela e alegre recepção aos turistas. Não silenciamos, cantamos mais alto do que nunca! Mostramos a força que temos, e que nossa motivação vem de dentro e não foi neutralizada por um Brasil bamba das pernas como vemos no dia-a-dia. Isso é positivo, pois estamos descobrindo o quanto somos capazes de encontrar em nós mesmos a alegria - no time que nos representa, na competição saudável mas acirrada.

    Falta o que então? Exatamente o que você pontuou. O canto do gigante nas urnas, na briga pelos nossos direitos, com total força e vigor. Que esta Copa das Copas seja apenas o começo, e em outubro gritemos mais alto ainda as nossas reivindicações, escolhendo homens justos para nos representar!

    Beijos

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  6. Leila, sábias as suas palavras, como sempre. E com elas cresço mais ainda nas minhas opiniões e conhecimentos.
    Viva o Brasil que tem esse poder, mas é certo que precisa de união para o mesmo direcionamento.
    Bom dia
    Xeros

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  7. Já tinha comentado.
    Li novamente, vale a pena, e deixo o desejo de uma boa semana.

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  8. Olá, Leila.

    Precisamos colocar nas urnas o patriotismo verde e amarelo que o futebol consegue acordar.

    Passando para deixar meu abraço.

    Hoje, 20 de julho é um desses 365 dias do amigo e da amizade. Amigo presencial ou virtual, conhecido ou oculto, secreto, público; novo, antigo... Quem é bem mais que "coisa pra se guardar". Aquele que te curte no Facebook, segue no Twitter, comenta no Blog... Alguém para ser lembrado nesse domingo e em todos os dias.

    Felizes dias do amigo e da amizade!

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