domingo, 25 de setembro de 2016

Autenticidade




Autenticidade


Eu tenho amigos jovens, na flor da mocidade como dizia minha avó. São pessoas belíssimas, cheias de vigor e alegria. Alguns eu convivo todos os dias, outros nunca abracei, mas todos eles têm uma coisa em comum, são autênticos. São pessoas que lutam, que tentam, que se esfolam, que não têm fãs nem seguidores mas têm pessoas com valores comuns à sua volta.
Eu tenho amigos velhos, com anos de estrada pode se dizer. Eles são incríveis! São pessoas leves, sem muitas bagagens nos ombros, mas abarrotados de histórias e experiências que eu não me canso de ouvir. Alguns eu convivo todos os dias, outros nunca abracei, mas todos eles têm uma coisa em comum, são autênticos. Não tem medo de dizer que erraram, que se esfolaram, que amaram ou perderam seus amores. Eles também não estão interessados em fãs e muito menos em likes, mas em pessoas com valores comuns à sua volta.
Eu tenho amigos budistas, espíritas, católicos e evangélicos. E ouço com prazer quando falam de suas experiências espirituais. Alguns eu convivo todos os dias, outros nunca abracei, mas todos eles têm uma coisa em comum, são autênticos. São fiéis aos seus princípios, aos seus valores e crenças. Nunca quiseram me "arrebanhar". Respeitam a minha escolha como eu respeito as deles. E eles, ah eles não estão nem aí para o número de likes, o que eles querem mesmo é pessoas com valores comuns à sua volta.
Eu tenho amigo atleticano, cruzeirense, corintiano e flamenguista. E tenho outros que nem gostam de futebol. Alguns eu convivo todos os dias, outros nunca abracei, mas todos eles têm uma coisa em comum, são autênticos. São eles mesmos, com seus defeitos, seus jeitos e suas qualidades tão únicas. Eles não estão preocupados com o número de fãs ou adeptos. Eles só querem pessoas que os respeitem  e que tenham valores comuns.
Eu tenho amigo escritor, cantor, ceramista, poetas e poetisas de verdade. Alguns são famosos, outros nem tanto. Alguns deles tem fãs e seguidores, outros ainda estão no anonimato, mas uma coisa eles tem em comum, o talento é deles. Não roubaram de ninguém. 
Talento é propriedade privada. É bem! Não se sobe ao palco com o talento alheio. E se tem uma coisa que me faz tirar alguém desta minha lista de amigos é quando eu descubro que algum deles, qualquer um que seja, quer se dar bem usando o talento de outros. Autenticidade é tudo! Sem ela, sem lista.


Leila Rodrigues


Imagem da Internet
Publicado no Jornal Agora Divinópolis e no JC Arcos

Olá pessoal,

As redes sociais se tornaram o novo palco do mundo. Uma forma de angariar fãs e seguidores, ou seja, de ficar famoso. E o ser humano adora a fama. A fama afaga o ego e camufla os problemas mal resolvidos dos obcecados por atenção. A sensação de superioridade é confundida com felicidade plena. E hoje, subir ao palco digital ficou muito fácil. Principalmente porque no universo digital você pode subir ao palco com o talento alheio. É fácil copiar um texto, um poema, um desenho, uma foto e até um trabalho feito por alguém e postar como se fosse seu. Quem vai questionar? Quem vai se dar ao trabalho de procurar a autenticidade disto ou daquilo? 
Até ontem falso eram apenas as propagandas para emagrecer. Que ironia. O falso está aí, bem na nossa frente. Com cara de fino e educado. Nas mais diversas propagandas. Há poucos dias acompanhei minha amiga, a poetisa portuguesa Rosa Maria, que luta veementemente contra este tipo de atitude. Assim como Rosa Maria, muitos outros profissionais passam por isso todos os dias. E a cada dia tem mais e mais pessoas tentando se dar bem com o trabalho de outros. Isto me indigna profundamente. 
Sou do tempo em que ser famoso não era tão importante assim. Ser você mesmo, sim. Será que estou fora de moda? Pode ser. Continuo acreditando que o errado é errado mesmo que todo mundo esteja fazendo e o certo é certo mesmo que ninguém esteja fazendo. E assim pretendo continuar a minha vida. 

Grande abraço

Leila Rodrigues





4 comentários:

  1. Reina a hipocrisia e a desfaçatez, na maioria das vezes, no palco da internet, Leila! Cada vez mais fica difícil separarmos o joio do trigo. "Autenticidade", também já me fiz tal pergunta: - estaria fora de moda? Tudo bem. Não me importa, pois desde o berço até hoje, aprendi que honestidade, fidelidade, assumir nossos atos, sermos transparentes deveria ser ato comum e constante a todos. Mas, não o é. Infelizmente. Ctrl c x Ctrl v é prova de roubo, principalmente quando se apossam, sem os devidos créditos. Seres incapazes! Creio que se mascaram a si próprios... quando na realidade têm muito a aprender quanto à ética e honestidade. Seria o reflexo dos tempos atuais?
    Parabenizo-a pela excelente reflexão!
    Abraço.

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  2. Leila querida, claro que a desonestidade sempre existiu, mas com o advento da Internet, com essa globalização as coisas ficaram escancaradas, o ser humano se mostrou como é ávido, procuram ser as estrelas em qualquer lugar, mais ainda numa rede social que contém mais de um bilhão de adeptos. O 'diferente' hoje, é ser autêntico, verdadeiro. Também descarto da minha lista (pequena), quero a simplicidade e usar a minha verdade. Não quero que me coloquem rótulos, não quero ser nada além do que sou. Fecho sempre com você, com toda a integridade. Hoje os pais estão ligados nos seus grupinhos, a criança de 1 ano já brinca com tablet, e de 4 anos são professores de Smatphones. Cadê o tempo de assimilação, de conversas familiares?
    Muito, muito boa reflexão!
    Grande beijo, querida.

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  3. Amo esse texto, sempre volto para ler novamente!!! Sensacional!!! Essa é a nossa grande escritora

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  4. Minha querida Leila

    Tenho andado sem vontade para nada. Infelizmente um texto muito verdadeiro. Tudo o que está na Internet os ladrões de almas se fazem donos do que não lhes pertence. De sentimentos que são de outros. Muito triste a falta de moral que cada vez está mais decadente. Um beijinho e obrigada pelo carinho e apoio.

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