quarta-feira, 21 de maio de 2014

Saudade de mim





Quando coloquei a cabeça naquele tapete e fitei a luz azul, foi como se eu tivesse viajado no tempo. No silêncio profundo da sala de yoga, as lágrimas rolavam no meu rosto sem que eu tivesse uma explicação. Deixei que caíssem. Permiti-me chorar. Apenas senti o líquido quente escorrendo em meu rosto. Era saudade. Saudade de mim...

Na vida fazemos escolhas e escolher é distanciar de alguma coisa em detrimento de outras que certamente são mais importantes. E quando paramos para pensar, não sabemos onde foram parar nossas alegrias.

Começa assim, um dia você deixa a aula de violão para fazer inglês, porque o inglês é mais importante para a sua carreira. No outro você deixa de nadar porque vai fazer pós-graduação. Mais adiante você para de caminhar porque comprou seu carro e quando você percebe nunca mais você viu as flores do caminho que te faziam tão bem.

Bate uma saudade estranha, sem identificação. Saudade de um tempo que não sabemos mensurar. São as nossas escolhas que ficaram ao longo do caminho. Perceber esta nostalgia não é tão simples assim. Alguns adoecem, outros se deprimem sem saber por que e ainda tem aqueles que não adoecem, não se deprimem, mas ficam amargos e infelizes. Nem a fama, nem todos os diplomas, nem todas as posses conseguem resolver isso, porque este problema não está nas coisas, está dentro de nós!

Dê uma volta na sua história e veja de quê você sente saudade? Volte em algum momento de sua vida em que você tenha sido feliz de verdade. Se dê de presente um resgate. Pode ser yoga, violão ou futebol de botão, a atividade pouco importa. Experimente de novo aquele corte de cabelo que  ficou tão bem ou quem sabe subir em uma bicicleta e sentir o vento no rosto novamente?

Hoje o contexto é outro e nós somos outras e novas pessoas. Portanto essa experiência terá um novo encanto e certamente um novo sabor.  Pode ser que você retome de verdade o velho hobby, ou pode ser apenas uma aventura para matar a saudade. O importante aqui é dar asas à nostalgia e ser feliz com essa escolha que é só sua.

Não precisei vestir as batas que usava na juventude, nem o cabelo amarrado com contas como eu fazia. Hoje não sou mais aquela mesma pessoa de outrora. Mas voltar àquela sala de yoga foi o melhor presente que eu me dei. Sai renovada e certa de que a nostalgia não é tão difícil de resolver assim!


Leila Rodrigues

Publicado no Jornal Agora Divinópolis em 20/05/2014
Imagem da Internet

19 comentários:

  1. Lindo e mesmo sem querer ser como era no passado, foi uma bela experiência e saudade boa! beijos,chica e tudo de bom!

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  2. Que texto maravilhoso Leila!
    É verdade, tem hora que sinto saudades de mim.
    Um abraço querida amiga e parabéns pelo dia de hoje,dia do profissional das letras.

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  3. Adoro me revisitar naqueles fatos marcantes que muito significaram. esses, a gente nunca apaga...estão lá, registrados e podemos recuperá-los ao nosso bel prazer.
    Seu texto é perfeito, cabe naqueles que sentem-se felizes em revisitar o passado, aproveitando o presente.
    Beijos, Leila.

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  4. Excelente Leila, para reflexão mesmo, precisamos às vezes de nos descobrir novamente, senão o vazio só aumenta, adorei obrigada pelo seu carinho em minha página, beijos Luconi

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  5. Olá! Que lindo blog e maneira de expressão, aberto e de coração, parabéns!
    http://ives-minhasideias.blogspot.com.br/

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  6. LI O TEXTO GOSTEI
    POR ISSO, COMO SEMPRE
    VOLTAREI ....
    UM KISSAMIGO
    ARFER

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  7. Minha querida

    Por vezes temos mesmo que nos reinventar e voar em liberdade.

    Um beijinho com carinho
    Sonhadora

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  8. Minha querida

    Por vezes temos mesmo que nos reinventar e voar em liberdade.

    Um beijinho com carinho
    Sonhadora

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  9. Quando há renovação... tudo bem!
    Beijinho para si!

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  10. Que tão lindo, Leila!
    Neste momento, estou um tanto desconcentrada para tecer umas palavras como teus textos merecem, mas retorno, tá bom?

    Um ótimo fim de semana, tão querida alma!

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  11. Lindo.... Perfeito.... Sabe que depois de uma depresao foi exatamente isso que vc sabiamente descreveu que eu descobri... Voltei para meu pilaes, minha aula de danca.... e minhas caminhadas de manha cedo sentindo a brisa da manha... AMEI!!!
    Bjss

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  12. Olá Leila,

    Só de ler sua crônica já me baixou uma tremenda saudade de mim.
    É verdade que à medida que vamos fazendo escolhas vamos também eliminando coisas importantes que nos faziam e fazem um bem enorme. É assim a vida, já que não podemos ter tudo.
    Sinto saudades de tanta coisa...Vou já procurar fazer alguns resgates e, entre eles, a yoga. Bem lembrado-rs.

    Deliciosa crônica.

    Feliz semana.

    Beijo.

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  13. Quando abandonamos algo por abraçar novas opções, superamos a saudade e até nos lembramos do "antes" sem melancolia. Mas quando o olhar para trás nos dá a sensação de que deixamos algo que nos faz falta, que nos permitia ser feliz, nada melhor que resgatá-lo. Bjs.

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  14. Leila,que maravilhoso texto! Precisamos sempre nos reconectar com as coisas boas que fizemos em nossas vidas e não perde-las de vista. bjs e ótima semana,

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  15. Que bela viagem no tempo, tão introspetiva.
    Reviver o filme der uma vida, sentir as saudades e, ao mesmo, tempo, estar tão presente.

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  16. .


    Achei encantador o seu texto,
    mas uma pergunta não deixa de
    mexer comigo;
    será que o padre terá forças
    para fugir aos feitiços da
    moça que não crendo na igreja
    tenta encantar o padre?

    Só no meu blog, amiga, você
    ficará sabendo.


    Beijos,

    silvioafonso



    .

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  17. Oi, Leila, tenho é saudades de uma época em que as coisas e as amizades tinham valores diferentes. Tenho saudades de uma época em que o exibicionismo não estava tão em alta; tenho saudades da lealdade e da sinceridade das pessoas; tenho saudades da época em que podíamos sair sem a preocupação de sequestros e trombadas. Tenho saudades de uma vida bem diferente dessa, que se tornou uniformizada: todos fazem a mesma coisa e querem o mesmo.

    Beijos!

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  18. Leila, vivo com saudades de mim! rsrsrs Mas não faço disso uma crise existencial, muito pelo contrário, deixo-me envolver pela nostalgia que certas músicas e certas atividades me causam. Aproveito o momento e as emoções que me invadem, depois volto ao meu eu atual e sigo a vida, conforme as possibilidades presentes. Tudo muito tranquilo, sem dramas desnecessários.

    Adoro te ler! Beijos.

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  19. Olá, Leila. Belissimo!! Saudades. È tão bom ter uma história bem vivida e feliz. Obrigada Leila! Agradeço o carinho da sua presença no blog. È muito bom ler vc! Um feliz fim de semana. Bjos!

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