Eles vieram. E meu coração bateu feliz como batia nas manhãs de domingo da minha infância. Eles vieram. E juntos fomos de novo os meninos de antes, a família de sempre. Minha mãe na cozinha, com seus temperos, seus cheiros e seu jeito doce de nos unir. Meu pai com suas memórias, suas histórias e seu frango caipira que desafia qualquer paladar. Éramos nós de novo. Os quatro em volta daqueles dois agora pequenos, mas tão grandes para nós. Eu e meus três irmãos. Aqueles que até hoje ainda chamo de “meninos”. Será por que?
Talvez seja porque o nosso tempo de “meninos" tenha sido tão intenso e verdadeiro que ficou para sempre. Ou talvez porque no fundo sejamos mesmo aqueles meninos da Rua Antônio Eliazar. O fato é que, quando estamos juntos, somos de novo aqueles mesmos meninos. Os filhos do Déco e da Neusa. Depois de tudo que conquistamos na vida, a grande satisfação é saber que o que somos mesmo é filhos deles!
Quando estamos juntos ainda fazemos arte, nos chamamos de apelido, quebramos por completo as regras e nos deixamos ser meninos de novo. Juntos rimos das mesmas antigas piadas e contamos de novo os mesmos casos da nossa própria história. Cantamos e dançamos as nossas músicas, aquelas que ouvimos desde criança, aquelas que sabemos as letras de cor. Aquelas da radiola que tínhamos em casa. Não são simples musicas, são fragmentos de uma história. Da nossa história.
A esta altura já não dá mais para dançar tanto como antes, a coluna reclama, o joelho talvez. Mas é possível sentir a mesma alegria simplesmente porque estamos juntos. Não há tesouro maior que o amor deles! Não há nada que nos revigore e nos fortaleça mais que matar a sede neste pote chamado família. É assim quando estamos juntos. É assim que renovamos nossos laços.
Amanhã cada um vai continuar a sua vida. Eu com os meus problemas, com as minhas aflições e cada um deles com os seus desafios também. A luta é individual! Cada um vai tentar a seu modo matar o leão e alimentar o mamute. Cada um vai tentar como pode construir as suas pontes e derrubar os muros que tiverem pela frente. Cada um vai educar os seus filhos, exercer suas funções, amar os seus parceiros e sobreviver nesta selva. Porém, com alguma coisa em comum, nutridos pelo amor de quando estamos juntos, aquele momento que passa tão rápido, mas que segue nos saciando pelos dias afora…
Leila Rodrigues
Publicado no Jornal Agora e no JC Arcos
Imagem: acervo da família Rodrigues (que nunca ligou para foto)
Olá pessoal,
semana passada mais um ciclo de vida. E desta vez eu quis a companhia deles. Deles, meus pais, meus irmãos, minhas cunhadas, meus sobrinhos, meu marido e meus filhos.
Tudo que eu descrevi acima foi realmente vivido. Eu sinto falta de ser menina de vez em quando e ao lado deles é quando eu posso fazer isso.
Cada família uma história. Uma história, muitos desafios e muitas alegrias. Essa foi a minha. Que a sua família e a sua história te fortaleça e te mantenha nutrido de amor.
Grande abraço
Leila Rodrigues