Ele não chegou de trem, muito menos de avião. Simplesmente chegou.
Apareceu por essas bandas. Ela não chegou de lugar nenhum. Nasceu e cresceu por
aqui. Seu sonho era um dia chegar de algum lugar. Ele sempre sonhou que um dia
encontraria o seu lugar.
Ele veio para trabalhar, subir na vida. Ela colecionava perfumes, fazia yoga, terapia, academia e gostava de fotos. Ele planejava ter um cachorro. Ela planejava ter filhos. Ele já não tinha mais os pais. Ela tinha cinco sobrinhos e quatro melhores amigas. Ela procurava alguém que procurasse alguém também. Ele não procurava nada, tinha acabado de encontrar o emprego dos seus sonhos.
Um dia se cruzaram na rua. Nem se viram. No outro se cruzaram de novo, no mesmo lugar. No terceiro dia perceberam a coincidência e se olharam. Ela reparou que ele estava mal vestido. Ele imaginou como seriam seus peitos.
No quarto dia se cumprimentaram. Ela sorriu. Ele a fitou. Ela se envergonhou. Ele desvergonhou. No quinto dia foi feriado, não se viram. Ela ficou a pensar onde ele estaria. Ele ficou a pensar como ela estaria. Ela imaginou que estivesse com alguém. Ele imaginou que ela estivesse pelada.
A segunda-feira custou a chegar. Ela aumentou o decote. Ele aumentou os olhos. Ela o achou mais baixinho. Ele achou um jeito de chegar. Falaram por cinco minutos. Dados básicos. Nome, onde trabalham, coincidências do horário, profissão... Justificaram que estavam atrasados e foram cada um para o seu lado. Ela detestou o tênis dele. Ele adorou a pinta no rosto dela. Ela imaginou quantos anos ele teria. Ele imaginou quantas noites eles teriam.
Chegou o dia seguinte, a mesma hora e o mesmo local. Ele não apareceu. Ela ficou sem graça. Ele jogava Xadrez com um amigo. Ela jogava fora a esperança. Ela ligou para as amigas. Ele ficou na esquina jogando conversa fora.
Passou a hora, passou o local e quase passou mesmo a esperança dela. Encontraram-se no fim da rua. Ela o achou mais bonito desta vez. Ele a achou mais interessante ainda. Combinaram de encontrar no dia seguinte. Ela sonhou com o encontro. Ele encontrou os amigos.
Ele pediu um chope. Ela pediu licença para ir ao banheiro. Ela falava de si. Ele falava dela. Ele gostava quando ela sorria. Ela sorria quando ele gostava. Ele a achou meiga. Ela o achou forte. Ele quis ficar a sós. Ela quis ficar a dois. Ela sentiu frio, de nervoso. Ele sentiu calor, de nervoso. Ela sentiu que era a hora. Ele sentiu que passava da hora. Abraçaram-se como dois amantes, se beijaram como dois adolescentes, se despediram como duas crianças.
Ele veio para trabalhar, subir na vida. Ela colecionava perfumes, fazia yoga, terapia, academia e gostava de fotos. Ele planejava ter um cachorro. Ela planejava ter filhos. Ele já não tinha mais os pais. Ela tinha cinco sobrinhos e quatro melhores amigas. Ela procurava alguém que procurasse alguém também. Ele não procurava nada, tinha acabado de encontrar o emprego dos seus sonhos.
Um dia se cruzaram na rua. Nem se viram. No outro se cruzaram de novo, no mesmo lugar. No terceiro dia perceberam a coincidência e se olharam. Ela reparou que ele estava mal vestido. Ele imaginou como seriam seus peitos.
No quarto dia se cumprimentaram. Ela sorriu. Ele a fitou. Ela se envergonhou. Ele desvergonhou. No quinto dia foi feriado, não se viram. Ela ficou a pensar onde ele estaria. Ele ficou a pensar como ela estaria. Ela imaginou que estivesse com alguém. Ele imaginou que ela estivesse pelada.
A segunda-feira custou a chegar. Ela aumentou o decote. Ele aumentou os olhos. Ela o achou mais baixinho. Ele achou um jeito de chegar. Falaram por cinco minutos. Dados básicos. Nome, onde trabalham, coincidências do horário, profissão... Justificaram que estavam atrasados e foram cada um para o seu lado. Ela detestou o tênis dele. Ele adorou a pinta no rosto dela. Ela imaginou quantos anos ele teria. Ele imaginou quantas noites eles teriam.
Chegou o dia seguinte, a mesma hora e o mesmo local. Ele não apareceu. Ela ficou sem graça. Ele jogava Xadrez com um amigo. Ela jogava fora a esperança. Ela ligou para as amigas. Ele ficou na esquina jogando conversa fora.
Passou a hora, passou o local e quase passou mesmo a esperança dela. Encontraram-se no fim da rua. Ela o achou mais bonito desta vez. Ele a achou mais interessante ainda. Combinaram de encontrar no dia seguinte. Ela sonhou com o encontro. Ele encontrou os amigos.
Ele pediu um chope. Ela pediu licença para ir ao banheiro. Ela falava de si. Ele falava dela. Ele gostava quando ela sorria. Ela sorria quando ele gostava. Ele a achou meiga. Ela o achou forte. Ele quis ficar a sós. Ela quis ficar a dois. Ela sentiu frio, de nervoso. Ele sentiu calor, de nervoso. Ela sentiu que era a hora. Ele sentiu que passava da hora. Abraçaram-se como dois amantes, se beijaram como dois adolescentes, se despediram como duas crianças.
Hoje eles têm dois
filhos, um cachorro, uma calopsita, um aquário, um rancho e muitos amigos.
...E
vivem como um casal que se ama.
Leila Rodrigues
Imagem retirada da
internet