Mãe nota 7
Não sou de ter inveja de ninguém. Mas confesso que já tive inveja das mães nota 10. Hoje, depois de muita terapia, aceito em paz a minha nota 7 como mãe e reconheço que a maternidade é um exercício diário, o qual vamos lapidando a cada dia.
Eu não deixei de trabalhar para cuidar dos meus filhos. Admiro quem o fez mas essa não foi a minha escolha. Divido com eles o tempo entre o trabalho, as viagens a trabalho, meus estudos e os cuidados de qualquer mãe.
Muitas vezes viajei em prantos porque um deles tinha febre. Faltei de algumas reuniões de pais na escola e não estava presente quando meu pequenino, naquela ocasião com 2 aninhos, quebrou o braço.
Por mais que eu tenha ensinado, meus filhos não gostam muito de legumes, eles também tomam refrigerante e não dispensam uma batata frita por nada nesse mundo.
É, eu não sou uma mãe nota 10! Não consegui convencê-los a gostar das mesmas coisas que eu. Um não gosta de estudar, eu até hoje amo estudar. O gosto musical deles é muito diferente do meu e o lado atleta deles definitivamente não veio de mim. Por um lado me entristeço. Às vezes parece que eu só servi de frete para trazer uma criança ao mundo. Por outro lado me conforta saber que meus filhos têm opinião própria e defendem suas escolhas.
Confesso que muito raramente vejo as gavetas dos meus filhos e que também não faço aquela comidinha preferida deles todo dia, como a minha mãe fazia para mim. Cozinho para eles com prazer sempre que posso, mas esse “sempre” depende de outros fatores que não cabe mencionar aqui.
Divido conscientemente a maternidade com o pai deles e isso não me faz uma mãe pior. Às vezes o pai leva ao médico, o pai faz a matrícula e eles (os três) preparam o jantar. É assim a vida de uma família que decidiu viver do jeito que dá para viver.
Eu os carrego comigo onde quer que eu vá; nas minhas orações, no meu coração e em cada coisa que eu vejo que me remete a um deles quando estou longe de casa. Esse é o meu jeito de viver e sentir o meu amor por eles.
Eu os criei com a realidade da minha vida. E procuro passar para eles os valores que eu carrego comigo como a grande herança dos meus pais, honestidade, ética e respeito. Nunca cobrei deles uma nota 10 e partindo deste princípio, eu compreendi a minha nota 7, certa de que, a nota 10 é uma construção; um aprendizado do qual nunca estaremos perfeitos de fato.
Leila Rodrigues
Publicado no Jornal Agora e no JC Arcos
Imagem da internet
Olá pessoal,
Sempre me cobrei muito em tudo que faço. E esta nota 7, a qual me referi no artigo de hoje, realmente foi algo muito difícil para mim. Até poder falar neste assunto com tranquilidade eu me sofri muito e me senti culpada muitas vezes. Tenho certeza de que toda mãe sabe do que eu estou falando.
Nunca seremos mães perfeitas! Que ótimo! Nossos filhos também não serão filhos perfeitos.
Sigamos pois, do nosso jeito. E certamente encontraremos uma forma de sermos felizes em meio às nossas imperfeições.
Deixo aqui um abraço para todas as mães que, como eu, lutam para ter uma boa nota, mesmo sabendo que a nota não é o mais importante nisso tudo!
Grande abraço
Leila Rodrigues