Depois do sucesso dos “50 Tons de cinza”, fiquei animada com a chegada dos meus 50. Confesso que o livro não me levou aos 50 graus. Tive dúvidas se sou eu que estou fora do contexto ou se há um acordo coletivo da mulherada em gostar deste tipo de literatura. Mas gosto é gosto e cada um que seja feliz com o seu. Nunca fui chegada a contos de fada e homens perfeitos também não fazem o meu tipo. Então, voltando ao assunto dos 50, eu realmente estava entusiasmada com a chegada deles.
Pensei em fazer uma grande festa, aquela que eu não tive aos 15. Mas fui vencida pelo que chamo de “Contexto dos 50”.
Primeiro percebi que aos 50 estamos envolvidas com muito mais pessoas do que podemos imaginar. Família, filhos, namorados dos filhos, sobrinhos, irmãos, cunhados e cunhadas, amigos, amigos da infância, amigos do trabalho, amigos das cidades por onde passamos, amigos da literatura, amigos do outro lado do país, amigos da casa ao lado, amigos conquistados nos momentos mais inusitados e complexos ao longo dos 50 anos. Gente demais!
O “contexto dos 50” traz grandes surpresas e consequentemente grandes mudanças. A esta altura você quer diminuir os pesos. As bagagens, os armários, as pessoas e principalmente as bagagens da alma. Priorizamos a qualidade e não mais a quantidade. Qualidade de vida e qualidade das relações. Quantos anos, quanto custou o presente, quantas pessoas ou quantos convidados, se tornam irrelevantes. Ser aplaudida e estar rodeada de pessoas, não necessariamente, é o que nos deixa feliz. O que nos interessa nesta fase são as pessoas que nos fazem feliz de verdade e esse número reduz a cada primavera.
Outro fato também pesou muito é que, aos 50, os subterfúgios de beleza tem efeitos colaterais sérios. Cílio postiço, cabelo preso, cinta mágica que some a barriga, salto fino e vestido de festa da madrasta da Cinderela! Nem se me pagar eu uso mais! Eles me causam taquicardia, dor de barriga, coceira, enjoo e pânico. Então, para quê? Não estou concorrendo mais à gostosa da noite. Além do mais eu tenho aquele problema noturno, conhecido das mulheres desta faixa etária que se chama “ondas de calor” que põe tudo a perder em questão de segundos. Lá se vai a maquiagem, o laquê, o investimento e as horas de produção. Não tem prime que suporte a suadeira!
Conclusão, estou de partida para Portugal, vou usufruir meu presente de aniversário lá. 50 tons de vinho me esperam!
Leila Rodrigues
Publicado no JC Arcos
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Olá pessoal,
Mais tarde descobri que, quem gostou mesmo dos “50 Tons de cinza”, ainda não estava nem perto dos 50 como eu. De novo, tudo uma questão de fase. existe a fase dos contos de fada e a fase dos contos reais. Eu estou na segunda e nem por isso menos feliz.
Gostaria de aproveitar a oportunidade para agradecer mais uma vez a todos os que têm visitado o Palavras ultimamente, o número de visitas tem batido records a cada semana. Puxa vida, isso me deixa feliz demais! Vocês, queridos leitores, me deixaram muito emocionada. De pensar que tudo começou com uma brincadeira???!!! Que orgulho escrever para vocês! Que honra receber de vocês, o que hoje é considerado o bem mais precioso que se pode dar a alguém, o tempo.
Valeu pessoal. Sou grata a cada um de vocês!
Grande abraço
Leila Rodrigues