Entre uma serra e outra, um amontoado de casas. Certamente uma igrejinha, construída bem no alto. Uma ilha de casas, cercada de verde por todos os lados. Um lugar bucólico, um lugar tranquilo onde parece que ninguém tem pressa. Um lugar onde pouca gente chega e muitos de lá se vão.
A rodovia passa no trevo e ninguém tem coragem de entrar a não ser quando tem festa dos santos. Não importa o nome do santo, quem foi ele, nem qual protetor ele seja. Neste dia todos vêm, de algum lugar vêm.
É aqui, em uma dessas cidades que eu nasci, que eu cresci; que eu tive a mais rica infância que alguém pôde ter. Pelos quintais da vizinhança, conheci e comi as mais diversas frutas que uma criança pôde experimentar. Voei com as pipas coloridas dos meus irmãos, feitas de papel e sonhos. Experimentei a mais intensa felicidade que uma criança pôde viver. E assim como eu, todos nós que aqui nascemos, que por aqui crescemos, certamente todos, tiveram uma infância parecida com a minha.
Dali, quase todos nós saímos um dia. Quem tem asas não se prende atrás da serra. Na mala, a colcha que a mãe fez, a rapadura para adoçar a vida, um queijo para os primeiros dias. Um frio gigantesco na barriga e os olhos arregalados de medo. Medo do novo, medo daquele povo diferente, apressado. Medo da velocidade do tempo, dos carros e das pessoas. Medo do despreparo. Pena não saber, naquele momento, o quanto aquela infância havia nos preparado para a vida.
Numa dessas cidades, pequena como a minha, nasceram Juscelino's, Adélia's, Drumond's e tantos outros que se espalharam por aí. Criados com queijo e sabedoria, tias e ave-marias, se tornaram grandes homens, grandes mulheres. Tão simples e ao mesmo tempo tão ricos de sabedoria, como o lugar que cresceram.
Hoje tudo tão mudado, asfalto para todo lado, empresas chegando, pessoas também. Até poluição já chegou por lá. Dizem que isso se chama progresso, faz parte do pacote “evolução”. Eu daqui, fico orgulhosa de ver que hoje, muitos já não precisam fazer como eu fiz. Por lá mesmo foram reconhecidos e encontraram seu lugar.
Torço para que aquelas casas nunca desapareçam de lá e que as minhas asas nunca esqueçam o caminho do ninho.
Leila Rodrigues
Leila, seus textos sempre me emocionam muito! Parabéns
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirNossa!
ResponderExcluirComo pode uma menina linda dessa escrever tanta coisa que traz da alma e que o tempo não apagou...hj lendo,lembrei-me que minha infância foi desse mesmo jeitinho e eu moro bem distante das Minas,mas no nosso Brasil todos nós somos iguais culturalmente.
Amei de paixão seu espaço e já estou aqui para compartilhar tuas escritas que me encanta,rsrsrsrs
Aproveito para convidar-te a visitar meu cantinho e se gostares deixa teu rastro para saber que passastes por lá...
Bjsssssssssssss
Convite feito, convite aceito, estou aqui e já "fucei" tudo" :-) Olá Leila, sou a Lindalva da Ilha e idealizadora do ostra da Poesia, com muito gostou estou no teu recanto, no todo uma cronica de si mesma, teu eu a apalavrado pelas ondas da net. Parabéns já estou a te seguir. Aproveito e te convido a para festa de confraternização e premiação do Pena de Ouro no meu Ostra que acontecerá amanhã (domingo) o caminho já sabes, mas assim mesmo deixo o link http://ostra-da-poesia.blogspot.com ♥☆Jinhosssssssssssssss♥☆ Ah! tendo um tempinho conheça a minha Ilha, meu blog principal http://ilha-da-lindalva.blogspot.com/
ResponderExcluirUM Bom Sol DE DOMINGO,LEILA QUERIDA,EM CRONICA RAÍZES,SENTI TEU ASPIRARE IN RECORDARE IN VIVERE,LINDO!ESCREVER FAZ COM QUE AS RAÍZES DE ALMA VIVA TUA,DISSEMINEM,SE ESPALHEM,COMO MÃOS NA TERRA AGARRANDO,E SOLTANDO, EM FUNIL,COMO SE AMPULHETA FOSSE, DO TEMPO,DA BRISA E DO VENTO,EM CARDÍACOS PULSANTES E CORAÇÕES PERIFÉRICOS NESTROS,MÃOS NOSSAS,NO AGARRAR DA VIDA!
ResponderExcluirAFFFmARIE,LEILA,SURTEI EM POESIA,DE DÍGITOS PALAVRAS SUAS...ATRAVÉS
VIVA LA VIE
EL FOFO
VELHINHO, MAS SEMEANDO SEMPRE,A VIDA E O VIVER, GIRASSOIS COMO SE FOSSEM!
Passando para desejar uma semana pontilhada só de coisas boas. Um beijo no coração e muita luz no teu caminhar ♥☆Jinhosssssssssssssss♥☆
ResponderExcluirQue Deus abençoe você
ResponderExcluire a mim também.
Que a nossa amizade tão linda
nunca chegue ao Fim.
Que a paz que trago no
peito seja cada dia maior.
Que sinceridade seja
minha maior virtude
Que o amor que sinto no coração
seja tão grande
o maior que uma pessoa pode ter.
Que sua semana seja uma
benção Divina.
Com carinho beijos no coração,,Evanir..
Estou muito feliz minha querida pela sua visita .
Vi seu lindo rosto no meu blog é muito lindo assim como os textos do seu blog beijos na Alma.
Te seguindo.
Olá!
ResponderExcluirQue belo texto!Quantas histórias em uma!
Lindo seu blog!
Obrigada pela visita!
Seja Bem-Vinda!
Beijos
Olá sou Magno Oliveira responsável pelo Blog Folhetim Cultural, convido lhe hoje a conhecer o nosso blog, que tem além de notícias, tem também atrações culturais. Como poesia, contos, crônicas e muito mais...
ResponderExcluirConto com sua visita no nosso espaço.
Blog: informativofolhetimcultural.blogpost.com
E-mail: folhetimcultural@hotmail.com
Twitter: @folhetimcultura e @oliveirasmagno
Incrível como alguns textos tiram-e o ar- você conseguiu isso. Adorei!
ResponderExcluirDeixo meu beijo e desejo a você uma ótima tarde!
Espero por você no Alma1
Esse seu texto é uma máquina do tempo, convidando a um embarque donde ninguém sai ileso. Eu voltei à minha maravilhosa infância, à minha aldeia, ao menino cheio de sonhos e fantasias. Obrigado por me proporcionar esta viagem singular. Parabéns pela excelente postagem.
ResponderExcluir