segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Queridos lobos


Aqui de fora, do lado que se pode ver, tem uma pessoa lutando como louca para dar conta de todos os seus papéis. Não podemos reclamar de nenhum deles. Todos são  papéis que escolhemos, que assumimos e que não abrimos mão.  O papel de pais, de esposa ou de marido, o papel de filhos, de empresários, de profissionais, sejam estes bem sucedidos ou não, o papel de defender alguma causa social, de participar de uma instituição e ainda o papel de cidadão em um país com as deficiências do nosso. Enfim, ser a pessoa que somos dá um trabalho danado. Mas é um trabalho bom! Trabalho escolhido por livre e espontânea vontade, ainda que seja tão difícil equilibrar tudo. Todos conhecem a pessoa madura e forte na qual nos tornamos.
Mas dentro de cada um de nós,  aqui deste lado que só eu e você conhecemos, ainda falta muito!
Dentro de cada um de nós, escondido e encolhido moram nossos medos, nossas pequenices, nossas falhas. Aquelas que ainda não conseguimos vencer. Nossos desejos proibidos, nossas intenções negras, aqueles pensamentos sórdidos trancados a sete chaves. É lá dentro, lá onde ninguém chega, que residem nossas verdadeiras máculas. E torcemos para que Deus seja tão ocupado que não tenha tempo de conhecê-las. 
A maldade, a vaidade, o ciúme e a inveja. Este lobo mal que alimentamos silenciosamente. Ah como é difícil conviver com essa verdade! Como é difícil aceitar que somos tão frágeis e que o caminho da verdadeira evolução é longo! 
É certo que não somos só isso!  O que nos salva é que, na outra jaula de nossos corações, reside um lobo bom. Capaz de amar e de se compadecer. É ele que não nos deixa por em prática tudo que pensamos. É ele que, entre um dia e outro, acorda nossos sentidos e não nos deixa cometer um desatino. É ele que nos dá prudência, sabedoria, discernimento, razão e afeto na proporção certa. É ele que nos permite viver nossos papéis. É ele que nos silencia na hora da briga e nos dá voz na hora da defesa. É ele que nos mostra o caminho e nos traz de volta à nós mesmos.  Aqui reside a nossa lucidez, a centelha de luz que carregamos. A verdadeira e silenciosa bondade. A que luta contra nossas vaidades e pequenices. E é ele, este pobre lobo bom que carregamos, quem devemos alimentar todos os dias. 
Difícil mesmo é saber qual dos dois tem sido nosso guia. 

Leila Rodrigues

Publicado no Jornal Agora e no JC Arcos

Olá pessoal,

o ser humano tem brigado mais que o normal, tem se ofendido mais e tem ferido o outro com mais facilidade. Nesses últimos dias, aqui no nosso amado e idolatrado país, temos assistido brigas homéricas em função da política. Temos visto lobos ferozes, esbravejando, rosnando e mordendo, na tentativa louca de provar que o outro está errado em suas escolhas. Vindos de todos os lados eles atacam e pervertem. Alimentados pelo ódio, pela descrença ou pelo cansaço, eles brigam como se estivessem num ringue, onde o vencedor tem que comer o outro vivo até que não lhe sobre absolutamente nada, tampouco dignidade. 
Existe um lobo bom morrendo e sede e fome, alimente-o!

Grande abraço


Leila Rodrigues

4 comentários:

  1. Precisamos dar um jeito de alimentar mais ao lobo bom que ao ruim. Parabéns, Leila.

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    1. É isso aí meu amigo!!! Obrigada pela visita. Abraços

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  2. Nossas escolhas, nossos lobos, nossas sentenças. E que Deus nos proteja de nós mesmos.

    Um abraço. Tudo de bom.
    💗 Vasto jardim, o coração.

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    1. Antonio!!! Que bom te ver aqui. Obrigada pela visita!!
      Falou tudo, que Deus nos proteja de nós mesmos!!!
      Grande abraço

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