segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

O Ponto Equidistante



Um acorda cedo, o outro dorme tarde. Um virou vegano, o outro aprendeu pilotar. Um conseguiu aposentadoria e o outro acabou de passar no vestibular...
É assim. Por mais que andemos juntos, de mãos dadas muitas vezes com quem amamos, a vida apresenta caminhos opostos para cada um de nós.
Cada um vai conduzir a sua vida conforme suas próprias expectativas. Cada um vai querer realizar seu sonho e por mais que o outro esteja presente, sonho é singular, sonho é de cada um.
E assim, quando nos damos conta, cada um caminha em direção diferente. Muitas vezes até oposta. Sobram as poucas horas exaustas depois do jantar, sobram os espaços ínfimos entre uma obrigação e outra, sobra um olhar apressado pedindo um pouco mais.
Tudo vai contribuir para que a distância aumente. O cansaço, os compromissos diferentes ou as propostas irresistíveis do mundo. É preciso resistir. É preciso resistir ao tempo, aos compromissos e às intempéries da vida. É preciso  que haja entre os dois um ponto equidistante, um lugar no tempo e no espaço que seja só dos dois. Um lugar onde eles possam se encontrar e ali, naquele momento não exista diferença alguma. Um lugar só deles. Um lugar ou um momento para chamarem de seus.  Um lugar onde a linguagem seja a mesma, os interesses sejam os mesmos e o amor possa fluir tranquilo. É preciso ter um tempo para praticar o exercício do amor.
Uma vez encontrado este ponto equidistante, vence quem faz bom uso dele. É preciso,  sempre que possível, que se escondam neste lugarzinho sagrado. É preciso deixar que o resto do mundo espere lá fora.
É no ponto equidistante que os dois se divertem, que eles riem um do outro, que eles contam as novidades, as conquistas e os sonhos. É ali, no ponto equidistante de cada casal, onde a mágica acontece. Onde a palavra intimidade tem realmente sentido.
É no ponto equidistante que os casais se fortalecem. E voltam revigorados para seguirem seus caminhos, seja junto ou separado.
O ponto equidistante não exige pompa nem circunstância, não exige dinheiro, nem tampouco lugar marcado ou hora para acontecer. Ele simplesmente acontece. E valida em nós o mais nobre dos sentimentos, o amor. É ele que explica porque pessoas tão diferentes podem se dar tão bem, é ele que explica o que ninguém consegue entender.
Quem ainda não descobriu este lugar, ainda não sabe o que é amar. Caminhos que distanciam, distâncias que unem.

Leila Rodrigues
Publicado no Jornal Agora Divinópolis e no JC Arcos
Imagem: http://parissodeida.com.br


E você? Já descobriu qual é seu ponto equidistante? E lá que os casais se fortalecem e voltam revigorados para seguirem seus caminhos, juntos ou separados.


Grande Abraço

Leila Rodrigues

3 comentários:

Obrigada pela visita. É muito bom ter você por aqui!
Fique à vontade para deixar o seu recado.
Volte sempre que quiser.
Grande abraço