Poderia ter sido
uma quarta-feira como outra qualquer. Não fosse a euforia que pairava no ar. Da
sua salinha fria de trabalho, ele conseguia levar calor às pessoas tamanho o
seu sorriso. Por trás da pele morena e dos dentes alvos, poucos conheciam a sua
luta e a sua dor. Mas todos conheciam o seu sorriso, a sua disposição e
principalmente a sua pressa.
Da vida ela
queria um pouco mais. Não muito, apenas o suficiente. Querer muito poderia
significar arrogância, e este, literalmente, não era um atributo que a
pertencia.
Naquela
quarta-feira fria de junho, ela teve ainda mais pressa. Convidou, comentou,
enviou mensagens, e-mails, torpedos, enfim, não se fez de tímida nem de rogada.
Qualquer pessoa que tenha cruzado com ela naquele dia ouviu o seu convite. Até
o chefe de poucas palavras. Chegou a pedir em nome de todos os outros colegas,
que eles fossem dispensados um pouco mais cedo porque o compromisso exigia. Na
hora do almoço, correu até a papelaria e dos seus últimos dez reais do bolso,
ela gastou dois para uma cartolina. Naquele momento ela se lembrou do seu pai
que ela vira tão pouco. Ele era um eterno inconformado! Esquerdista, anarquista
e todos os "istas" que existiram nos anos 80 fizeram parte da vida
dele. Desejou por um segundo que ele estivesse assistindo a tudo lá de cima.
Alguns a
confundem com uma pessoa alienada, afinal nunca foi muito ligada à
intelectualidade e por vezes mudou de canal na hora do jornal. Mas conhece de
perto a dureza da vida e participa ativamente das reuniões de pais da escola do
irmão mais novo, porque a mãe não tem condições de ir.
A passos largos
e rápidos ela seguia o caminho da praça. Segurando com força a cartolina
enrolada como um canudo. Ela não tinha claro o motivo de tudo aquilo e nem fazia
ideia de até onde o movimento poderia chegar. Mas pela primeira vez, nos seus
19 anos, se sentiu cidadã, se sentiu pessoa, se apercebeu da sua nacionalidade.
O coração ainda disparado, os motivos soltos na sua cabeça em meio a um monte
de informações. Medo, vontade, verdade e coragem se misturavam. Não sabia
exatamente o que queria, mas sabia que queria que alguma coisa mudasse.
À medida que as
pessoas se juntavam, o medo foi cedendo seu lugar. E foi nesse momento,
que ela timidamente abriu os braços e com os olhos molhados de orgulho ergueu o
seu modesto cartaz "BRASIL, EU DECLARO O MEU AMOR POR VOCÊ".
Leila Rodrigues
Publicado no Jornal Agora Divinópolis em 23/06/2013
Uma maravilhosa declaração de amor, que imitada, imitada. imitada...pelo país todo. BRAVO!
ResponderExcluirExcelente crônica, Leila...linda!
Beijos,
da Lúcia
Que esse canto continue, não é hora de parar! Estou orgulhosa desse movimento que começou com a juventude, enfim, despertaram! Penso que todos estamos unidos por uma única causa: tornar nosso país mais humano e habitável.
ResponderExcluirUm beijo!
Lindo, lindo. Como sempre. Parabéns. O amor à pátria é mesmo algo a ser rebuscado dentro de nós sempre, não a pátria de chuteiras como a maior parte da mídia quer, mas a pátria indignada, que vai à luta, "que não tem medo de fumaça". Beijos, amiga.
ResponderExcluirLeila,
ResponderExcluirVocê é magnífica escrevendo, mergulha no íntimo dos personagens, a tal ponto de nos projetar na cena que descreve! Senti-me de volta aos 19 anos, indo para a manifestação junto com 'Ela', sem muitas certezas quanto ao 'que' do movimento, mas com latente convicção do 'porque' de tudo isso: porque mudanças são urgentes e necessárias, e alguém precisa fazer algo de grandes proporções em relação a isso!
Lindo texto, retratou o que se viveu e o que se sentiu nestes últimos dias. De fato, o pulso ainda pulsa, e isso é animador!
Beijos, feliz por chegar aqui nesta semana!
Há um grande grito de amor pelo Brasil no ar ecoando por todas as suas regiões, mas há cegos e surdos mentais, incapazes de interpretá-lo ou com medo de o fazer... Um texto para muitas reflexões! Genial!
ResponderExcluirBjs. Célia.
Olá, Leila.
ResponderExcluir"O pulso ainda pulsa" e podemos e vamos resgatar a cidadania desse "coma" induzido pela politicagem, resgatar o Brasil num "brado retumbante", um grito de amor por esse país tão maior que a mesquinhez do fugaz poder.
Um feliz dia do amigo! Que as sinceras amizades se somem e multipliquem, frutificando em mutua alegria, realização, esperança e todo o bem que as verdadeiras amizades podem e conseguem produzir.
Um abração e bom fim de semana.
.
ResponderExcluirTodos estamos contigo
se a fome, o desejo de
concretizar um sonho
breve não nos desper-
tasse o apetite e os
anseios, porque nes-
se momento o país do
analfabetismo troca a
realização do amanhã
pelo prato de comida
de agora.
Se o Collor fosse uma
mulher o Brasil seria
a potência que não
sabe que é.
(Collor não tinha rabo
preso com partidos,
mas resolveu vender o
seu).
Que pena.
Beijos,
silvioafonso
.
.
ResponderExcluirTodos estamos contigo
se a fome, o desejo de
concretizar um sonho
breve não nos desper-
tasse o apetite e os
anseios, porque nes-
se momento o país do
analfabetismo troca a
realização do amanhã
pelo prato de comida
de agora.
Se o Collor fosse uma
mulher o Brasil seria
a potência que não
sabe que é.
(Collor não tinha rabo
preso com partidos,
mas resolveu vender o
seu).
Que pena.
Beijos,
silvioafonso
.
Olá, Leila. Um belo texto! Esse momento por qual passamos nos mostra o quanto amamos a nossa Pátria. È nosso grito de independência! Adorei amiga. Feliz fim de tarde nesse dia mundial da amizade! Deixo meu carinho e obrigada pela carinhosa visita. Bjos!
ResponderExcluirUm momento especial de renovação para sua alma e seu espírito,
ResponderExcluirporque Deus, na sua infinita sabedoria, deu à natureza,
a capacidade de desabrochar a cada nova estação e a nós
capacidade de recomeçar.
Desejo a você, um final de semana cheio de amor e de alegrias.
Afinal Deus nos a oportunidade de fazer novas amizades,
ajudar mais pessoas,
aprender e ensinar novas lições,
vivenciar outras dores e suportar velhos problemas.
Sorrir por novos motivos e chorar outros,
porque amar o próximo é dar mais amparo,
orar e agradecer .
Fazer novas amizades é amadurecer um pouco mais
e olhar a vida como uma dádiva de Deus.
É ser grato, reconhecido,
forte, é ter fé acima de tudo.
Que o Senhor abençoe a você,
no doce lar Lugar onde vive!
Que você possa ver sua
família crescer e progredir,
e tenhas uma vida longa,
com saúde , paz e eterna felicidade.
Um Feliz Dia Do Amigo : Estou atrasada , mais Nunca esqueceria essa data.
Tem um mimo
na postagem fique a vontade para pegar.
Um abençoado final de semana.
Deus abençoe VOCÊ!
Beijos da amiga sempre ,Evanir.
Belo! Uma declaração de amor inesquecivel!
ResponderExcluirDepois disso, talvez os corpos se tivessem juntado no mesmo grito!...
Beijos!
AL
Leila, sua história me emocionou!Os jovens de hoje nunca tiveram a chance de sentir o que é amar o país, mas com essas manifestações eles tiveram uma pequena amostra.Muito bonito seu conto!bjs e feliz dia do amigo pra vc tb,amiga querida!
ResponderExcluirÓtima sua cronica nesta que personifica milhares de brasileiros, que mesmo sem saber o que ao fundo se pretendia toda manifestação, engrossaram as fileiras batendo no peito dizendo Brasil eu te amo e não fujo a luta. Um momento lindo da historia política da nação.
ResponderExcluirBom lhe ver conterrânea com sua bela arte das palavras.
Uma linda semana com meu terno abraço de paz e luz.
ResponderExcluirOlá Leila,
Linda sua crônica.
Foi emocionante ver os jovens nas ruas, exercendo a cidadania e defendendo os interesses do povo e de nossa Pátria querida. Um despertar vibrante que mostra que "o pulso ainda pulsa", conforme esta sua bela colocação. Ainda que no início os movimentos provocassem interrogações, logo deixaram claro a sua motivação.
Que o brado continue retumbando até
que o Brasil e seu povo tenham o respeito e o cuidado que merecem.
Ótima semana.
Beijo.
Oi Leila
ResponderExcluirO pulso ainda pulsa. Que bom ler-te. Houve um tempo que eu perguntava ao universo, porquê nasci aqui?. Mas hoje eu tenho a certeza que tinha mesmo que ser aqui, nesta nação que eu , você e todos amamos.E depois que essa moça de 19 anos e milhares de outras que sairam às ruas nessa quarta feira fria o País não é mais o mesmo.
Parabéns pela publicação.
Uma boa semana
bjs.
Sensível e belo seu texto, assim como as manifestações, eis que mostraram ainda haver esperança para que se realizem mudanças efetivas em nosso amado Brasil. Bjs.
ResponderExcluirConcordo que devemos lutar por causas, mas falta educação de uma população, beijo Lisette.
ResponderExcluirOs seus textos são fantásticos e esse em especial. Gosto muito. Beijo
ResponderExcluirMinha querida
ResponderExcluirNão tenho palavras...neste momento a emoção tomou conta de mim e uma lágrima teimosa baila no meu olhar.
Adorei este texto.
Um beijinho com carinho
Sonhadora