terça-feira, 20 de março de 2018

Eu e ela






Um dia ela chegou sem pedir licença. Não era noite nem dia. Era só um tempo comum. E ela  entrou porta adentro em minha vida. Não me perguntou se eu queria, não me apresentou as estatísticas, não fez sequer uma introdução. Simplesmente chegou. 
E eu, num misto de pavor e total despreparo, fui arrebatada ao chão em pleno vôo. Mal sabia eu, naquele momento, que ela não tinha a menor pressa. Ela era a minha menopausa, embora eu não quisesse que fosse, nem minha, nem de ninguém; e eu era apenas uma jovem mulher que ainda queria muito da vida. Começava ali a maior batalha de toda a minha existência.

Não eu não queria retardar o tempo. Muito menos esconder a minha idade ou ser agraciada pelos deuses com a eterna juventude. Sempre gostei de mim na atualidade e acredito que a experiência de viver é o melhor antídoto para combater a perda do frescor que, inevitavelmente se vai. Mas daí a aceitar que ela (a menopausa) e a sua capacidade de dissecar  nossas faculdades mentais me vencessem, aí era demais. 

Quanto mais ela me derretia de calor, mais eu me refrescava de pessoas queridas. Quanto mais ela secava-me por dentro, mais eu busquei saídas para renovar a minha seiva. Quanto mais ela me deixava irritada, nervosa, cansada, exaurida... mais eu meditava e acreditava que poderia vencê-la. 

Demorou, mas um dia ela se foi. E eu pude viver de novo, mais leve, mais livre, mais conhecedora de mim, mais autêntica, mais crente nas minhas capacidades. 

Se eu voltei a ser a mesma de antes? Claro que não! A vida é roda que só gira para a frente. Hoje eu sou muito melhor! 

E o mais incrível de tudo isso é que hoje eu percebo o quanto eu só consegui fazer tudo isso porque ela (a menopausa) me provocou. 

E é por isso que a minha causa é falar de menopausa para todas as mulheres do mundo. É dizer a todas as mulheres que estão no meio da batalha ou prestes a enfrentá-la, que não desanimem! Não desanimem, não entreguem as suas vidas, não fechem as gavetas dos seus sonhos. 

Existe vida após a menopausa. Existe amor após a menopausa. Existe alegria de viver dentro de cada uma nós, independente dos hormônios, independente do outro

Leila Rodrigues

Imagem da Internet

Olá pessoal,

Hoje peço licença para falar de algo que se tornou causa para mim, a menopausa. Este ainda é um assunto velado, porque a grande maioria das mulheres tem vergonha de dizer ou dificuldade de aceitar que estão na menopausa. Muitas vêem na menopausa o fim de algumas etapas da vida, principalmente no que diz respeito à carreira, vida afetiva e auto-estima. 
Sinto que não consigo mais separar esta causa dos meus outros projetos. E espero que as minhas palavras possam “refrescar" um pouco esta fase quente que, inevitavelmente virá!

Grande abraço

Leila Rodrigues



4 comentários:

  1. Suas palavras foram refrescantes como bálsamo Leila, amei o texto. Penso que se a encararmos de frente Como encaramos a vida, ela se torna mais amena e até mesmo imperceptível.

    Deixo-lhe um carinhoso abraço e minha admiração...⚘

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  2. Sem dúvidas até aqui,a pior fase da minha vida. Não fiz reposição hormonal, e acho que opior já passou, pois os sintomas diminuiram. Penso que perdi muito e tenho a sensação que nunca mais serei a mesma...

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  3. Que texto lindo!!! Você expressou o que acabeivde estudar! Fantástico!

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