Idas e Vindas
Eu tinha 13 anos quando me apaixonei pela primeira vez. E foi quando eu entendi que precisava dormir, acordar, estudar, tomar banho enfim, fazer tudo com o coração completamente inundado de alguém. Foi muito difícil! Difícil organizar as ideias, difícil concentrar, difícil não pensar, difícil me desvencilhar daquele ser que tomava conta de mim. Tomava conta de mim, do meu pensamento, do ar que eu respirava. Quase desisti de amar, mas não foi desta vez.
Eu tinha 21 anos quando fui pela primeira vez deixada por alguém. Eu estava em pleno sonho, em pleno encantamento quando tudo acabou. Foi um susto. Um baque! É como um pique de energia no meio de uma festa e quando a luz volta não tem mais ninguém. Faltou chão, faltou ar e novamente o meu coração ficou inundado da falta de alguém. E foi pesado carregá-lo assim tão cheio de mágoas. E mais uma vez, durante um bom tempo realizei todas aquelas tarefas que a vida nos impõe com o coração carregado de dor.
Eu tinha 28 anos quando perdi a minha avó que era uma pessoa muito importante para mim. E eu tive de novo de fazer tudo com o coração inundado da falta de alguém. Os dias eram intermináveis, a saudade parecia um furacão a me corroer por dentro. E viver foi, novamente, muito complicado.
E assim, durante muitos anos eu andei carregando um peso maior que o meu; o do meu coração. Hora cheio de alguém, hora cheio da falta de alguém. Muitos anos se passaram, muitas pessoas entraram no meu coração. Algumas estão até hoje, outros se foram sem deixar nenhum sinal. E ainda tem aquelas pessoas que foram breves mas deixaram rastros eternos. Idas e vindas de minha vida. Coração movimentado esse meu!
Mas ainda que o preço de amar seja esse, eu prefiro assim. Talvez eu tenha, em algum momento, carregado peso demais. Talvez eu tenha carregado pessoas que já se haviam ido. E muito provavelmente, em algum momento eu carreguei mais do que eu poderia suportar. Mas vivi a alegria de ter um coração ativo. E sei que valeu a pena!
Hoje não conto mais quem entra ou quem sai. Isso deixou de ser importante. Muito menos quanto tempo ficou ou vai ficar. Abri as minhas portas e joguei as chaves fora. Afinal, se são pássaros aqueles que, às vezes, dentro de nós se aportam, que seja pelas suas asas a decisão de ir ou ficar. Se ficarem, que eu não os feche em minha gaiola. E quando se forem, que eu não alimente as suas sombras.
Leila Rodrigues
Publicado no Jornal Agora Divinópolis e no JC Arcos
Olá pessoal,
Pessoas vêm, pessoas vão… É parte do processo.
O mais importante nisso tudo é compreender que ninguém pertence, de fato, a ninguém. Somos todos de nós mesmos.
Amar não nos torna proprietários do outro e ser amado não nos torna propriedade de ninguém.
Grande abraço, boa páscoa para quem for de páscoa e muito amor!
Leila Rodrigues
Feliz Páscoa para vc também. 👐👐👐
ResponderExcluirFeliz Páscoa para vc também. ������
ResponderExcluirGostei muito.me identifiquei.
ResponderExcluirMinha querida amiga que delícia viajar na sua história, e tirar proveito das amarguras criadas ou abandonadas no nosso coração....
ResponderExcluirE muito bom saber mais sobre minha amiga e os seus sentimentos
ResponderExcluir