A volta para casa
sempre foi o meu momento de reflexão. Hora de pensar no amanhã. Naquela manhã
de domingo eu trazia comigo muito mais do que levei. Quanto mais a paisagem
passava apressada pelo vidro do carro, mais depressa passavam meus pensamentos.
Pensei na minha
cidade, na minha rua, no meu portão, no meu cachorro e claro, em você. Será que
aguaram as minhas plantas como eu pedi? Será que alguém trocou o meu
ventilador? Será que você conseguiu o emprego que você tanto queria? Finalmente
eu iria responder todas as minhas perguntas. Inclusive aquelas que eu fiz para
mim e não tive coragem de responder.
Na mala, uma
lembrança para a minha mãe, um souvenir para provar que eu fui e muitas
histórias para contar. Um aprendizado espontâneo que só quem se arrisca a ir é
capaz de trazer. Não consta nos livros, nem nas fotos. Um aprendizado vivido e
suado. Experimentado! Algo que ninguém jamais vai tirar de mim. E aqui estou
eu, de volta para casa! Aparentemente tão igual eu fui, porém completamente
tocado pelas experiências de lá.
Viajar é isso!
Deixar-se tocar por outras experiências. Nunca voltamos os mesmos que fomos.
Voltar é realidade. É permitir que novas perspectivas se misturem ao velho e
bom cotidiano e lhe dê novas cores, novos tons.
Naquele instante eu
sabia exatamente o que eu teria que enfrentar. Porém desta vez tudo estava mais
leve e claro para mim. A solidão da decisão continuava a mesma, mas a minha
distância me permitia enxergar tudo sobre outro ângulo. Lembrei-me de Santo
Agostinho quando lhe perguntaram qual era a torre mais alta da cidade. E ele
tão sabiamente disse que precisaria se retirar da cidade para enxergar a
realidade. Assim estava eu. Depois de tanto tempo tentando enxergar a realidade
ao me redor, foi na distância que eu consegui ver. Agora chegara a hora de
fazer acontecer. Tão simples e ao mesmo tempo tão difícil. O espaço entre a
decisão e a ação é muito cruel. Mas sempre chega um momento em que todo o
universo conspira a favor e tudo acontece. Acontece como tem que acontecer. Se
será bom ou ruim, só o tempo vai nos dizer.
O carro entra na
cidade e eu naturalmente sorri de felicidade. Reconheço os lugares, os cheiros,
as pessoas. Meu lar, meu ninho, meu porto seguro. Hora de atracar no cais. Se "ir"
é para os fortes, voltar é para os dignos. Aqui estou.
Leila Rodrigues
Publicado no Jornal Agora Divinópolis em 24/02/2015
Foto: http://klictossan.blogspot.com.br
– um blog incrível – recomendo a visita
Beleza de texto. Muito bom voltar pra casa, um porto seguro. Parabéns. Beijos
ResponderExcluir...voltar para casa é dádiva,
ResponderExcluire só os dignos tem este
direito.
mas há tantas maneiras de voltar
para casa...
às vezes derrotados.
às vezes vitoriosos.
o que nos diferencia e a
bagagem que trazemos
na alma e de que maneira
vamos lidar com ela!
você me fez refletir!
bj
É muito bom quando temos para onde voltarmos! Apesar de... tudo se acomoda... ou nós nos acomodamos? Questão de bom senso e muita sensibilidade.
ResponderExcluirAbraço.
Lindo texto e a alegria da volta ao porto seguro, ao lar! Valeu! bjs, chica
ResponderExcluirBom dia, Leila.
ResponderExcluirAdoro seus textos.
Não poderei comentar agora, estou indo trabalhar, mas colocarei o seu link na minha lista de blogs, assim, no domingo, que é o meu único dia, possa comentar e te acompanhar.
Muita coisa acontecendo de bom e nem sabemos.
Beijos na alma e lindo dia.
Olá, Leila.
ResponderExcluirÉ sempre bom poder rever, reler, revisitar o tempo e o espaço passado, reencontrarmos o nosso eu de ontem e refletir a trajetória que nos fez e faz quem somos.
Um abração e uma boa semana.
Um pouco enigmáticos os seus escritos.há um confronto entre a realidade e a ficção.
ResponderExcluirFico perdido!.
Um abraço
Deixo um abraço e o desejo de uma boa semana.
ResponderExcluirTenho saudades de uma visita sua!