sábado, 29 de dezembro de 2012

Uma preparação eficaz




Olá pessoal,

Um número a mais no calendário não muda nossas vidas. Uma noite de fogos não transforma nossas manias num passe de mágica.
É apenas um ano que se vai e outro que chega.
Mas você pode desejar de coração que alguém tenha um bom ano. É saudável e faz bem a quem deseja. Inclusive não há mal nenhum em desejar a si mesmo um ano iluminado. Afinal, somos aquilo que pensamos.
Eu desejo a você, Uma preparação eficaz e muita vida em sua vida!

Obrigada pela companhia no ano de 2012 e que continuemos juntos... na blogsfera, no caminho ou onde quer que você esteja! 

Grande abraço! Boa leitura!
Leila Rodrigues



Uma preparação eficaz




Na China, os preparativos para a passagem do ano começam alguns dias antes da sua chegada. É costume deixar a casa e o ambiente de trabalho bastante limpos, se possível até pintá-los, para receber as coisas novas que chegam com o ano que se aproxima e deixar o que é velho e passado para trás.

Independente da tradição Chinesa, a ideia de limpeza, de fechamento de ciclo pode favorecer a todos nós, no momento em que usamos do calendário para um recomeço, ainda que apenas numérico.

Não é possível recomeçar nada sem antes fazermos uma “limpa”. Em todos os aspectos. Não se começa um trabalho novo sem antes encerrarmos um antigo. Não se enche um copo que ainda tenha um resto de alguma coisa. Ouvi de um professor que, até para assistirmos uma aula, precisamos chegar nesta de copo vazio, senão, nada do que for dito será absorvido. E acredito sinceramente nisso. Gavetas cheias não cabem mais nada. Cabeças idem.

Passamos o ano inteiro acumulando coisas. Papéis, roupas, comidas, mais papéis, arquivos no computador, objetos, coisas que quebram, estragam e não temos coragem de desapegarmos delas e outras que nunca sequer foram usadas. Limpar um ambiente, limpar a alma, limpar nossas gavetas é uma boa forma de nos prepararmos para o novo.

Limpar tem dois aspectos muito importantes. O primeiro o de esvaziarmos, de deixarmos espaço para o novo. O segundo é que, quando limpamos, sejam nossas gavetas, nossos pertences ou nossa alma, tomamos consciência do que realmente temos e somos. Ao limpar, nos conhecemos de novo. Revemos o que somos, o que temos e o que queremos. É um exercício de autoconhecimento.

Na Índia, são atirados na fogueira objetos que representam impurezas e doenças. Por aqui não precisa tanto, ainda mais com tanta gente necessitada. Basta doarmos e teremos dois problemas resolvidos. O nosso e o de quem necessita.

Sabemos que um número a mais no calendário não muda nossas vidas. Uma noite de fogos não transforma nossas manias num passe de mágica. Mas podemos aproveitar este momento de fechamento de ciclo, para limparmos nossas gavetas, terminarmos aquilo que nos propusemos a terminar lá atrás e nem sequer iniciamos esse “fim”; entregarmos aquilo que nos foi solicitado e até hoje estamos devendo e devolver o que pedimos emprestado e nunca mais nos lembramos de devolver.

Podemos doar aquilo que não nos serve mais, mas ainda poderá ser muito útil para alguém. Doar o que nunca foi nosso porque compramos e nunca usufruímos. Enfim, podemos fazer do encerramento do exercício, uma faxina geral em nossas vidas para que possamos começar 2013 com mais espaço em nossas gavetas, em nossos dias tão corridos e principalmente em nossos corações.

E deixemos para cada um escolher se na virada do ano vai querer orar, pular ondas, comer lentilhas, tomar todas, dançar a noite inteira, abraçar os amigos...


Leila Rodrigues
Publicado no Jornal Agora Divinópolis em 18/12/2012
Imagens da Internet - por do sol em Algarve - Portugal em homenagem aos meus amigos portugueses da blogsfera.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Surpreendente Noel




Olá pessoal,

Sempre achei o natal uma festa triste,  embora encantador. Então, imaginando um Natal mais divertido, convido vocês a lerem um texto diferente dos convencionais: Surpreendente Noel.
Aproveito a oportunidade para desejar a todos ótimas festas, muita diversão e humor, abraços verdadeiros, sorrisos sinceros e muitas histórias boas para contarem depois.
 Abraços a todos
 Boa leitura!

Leila Rodrigues



Surpreendente Noel



- Então você existe mesmo?! Ei, espera aí, está fazendo o quê aqui dentro do meu quarto? Como é que você entrou? Na foto você sempre pareceu mais gordo, fez regime? 
- Fez pergunta demais! Nem vou responder. Estamos perdendo tempo, tenho gente demais para visitar. Vim saber o que você vai querer ganhar neste Natal.
- Como assim, ganhar de Natal? Quando eu era criança e acreditava em você, você nunca apareceu para mim! Agora que eu sei que você não existe, você baixa aqui no meu quarto me perguntando o que eu quero ganhar? Eu devo ter enlouquecido! Devo escrever uma cartinha também? Eu sabia! Aquela vodca ia fazer estrago...
- Para de filosofar e responde que eu já avisei que a fila é grande!
- Tá bom, tá bom! Eu já vou responder. Mas antes, me deixe fazer apenas uma perguntinha: Você é mesmo o Papai Noel?
- Isso é bem relativo, nesta época do ano, me chamam de Papai Noel, mas digamos que eu, a fada madrinha e o gênio da lâmpada somos todos da mesma família, entendeu agora?
- Hummm! Complexo, mas vou fingir que entendi! Então você está aqui para saber o que eu quero ganhar de Natal?
- Exatamente! E tenho pressa!
- Mas como assim, tem pressa?! Não dá para te dizer isso assim na lata, sem uma reflexão a respeito! Isso é mais difícil do que pedir dinheiro emprestado, tem que pensar muito antes da ação! Sob pressão não funciona!
- Então me vou! Adeus!
- Espera! Espera aí! Vamos conversar mais um pouco, sente-se. Eu já vou te dizer o que eu quero. Você demorou tanto para aparecer que eu não posso te deixar partir assim de mãos vazias. Ops! Sair e me deixar de mãos vazias.
- Você está me enrolando!
- Você não pode passar de novo amanhã cedo? Eu passo a noite inteira acordada, penso com calma e amanhã logo cedo eu te falo em 2 segundos, o que eu quero ganhar.
- Negativo! Agora ou nunca! Ah! E um pedido apenas. A Europa está em crise e eu estou em fase de contenção!
- Então tá! Já que é assim anota aí: Quero um botão liga-desliga acoplado em mim. 
- Como assim?
- Simples. Eu quero continuar com a minha vida igualzinha a que eu já tenho. Quero o meu trabalho de sempre, os meus problemas, os meus amigos, minha família, tudo igual ao que eu já tenho, apenas com um pequeno, mínimo, ínfimo detalhe de diferença:
Que eu tenha em mim, um botão liga-desliga que me tire das situações e dos lugares, e me transporte para bem longe quando eu quiser. Fui clara?
- Clara você foi, mas que pedido mais estranho! Posso perguntar de que vai adiantar sair das situações? Fugir nunca foi solução para nada!
- Quem disse que eu vou fugir? Você entendeu tudo errado! Eu só estou pensando em dar um pulo em Porto de Galinhas toda vez que a bicho pegar e depois aparecer calminha, calminha...

Leila Rodrigues

domingo, 16 de dezembro de 2012

A volta









Olá pessoal,

Depois de um tempo longe da blogsfera, aqui estou com o texto A volta.
Agradeço aos amigos que mandaram email ou deixaram um recado no blog. Por mais que as circunstâncias me levem para o lado contrário, escrever faz parte de mim, não consigo parar.
E dividir com vocês é meu prazer. O Palavras continua.
Abraços a todos
Boa leitura!

 Leila Rodrigues

A volta  

 


Passei a noite em claro. Desde o momento em que eu tomei a minha decisão de voltar, o meu coração não bateu em ritmo normal. Tramei, ensaiei e pensei a noite inteira em como seria este momento.  Um dia entre a decisão e a chegada demorou mais do que este tempo que eu fiquei fora. 

Nem sei se serei aceita de volta, nem sei como foi sua vida neste tempo que ficou sem mim. Mas sei que a minha vida sem você não teve a menor graça. No começo, surgiram tantos compromissos, tantos programas que nem tive tempo de pensar. Depois, os convites começaram a diminuir, ou se não diminuíram, eu os diminui. Foi aí que, entre um instante e outro de meus afazeres, eu comecei a sentir a sua falta. Veio a saudade e junto com ela as primeiras lágrimas. Veio a vergonha de mim. Vergonha de não ter ouvido o meu próprio coração antes de partir. Vergonha de ter te deixado assim tão só.

Eu também acredito que nada acontece em vão. Daqui a algum tempo eu vou descobrir que tudo foi necessário, mas antes eu tenho que passar por esse momento crucial que é digerir as consequências das minhas atitudes. Doeu não dividir com você um monte de coisas que vivenciei neste período. Doeu não correr para os seus braços no meio da madrugada e despejar meus devaneios. Mas nada doeu mais do que te ver de longe, parado, sozinho sem saber que rumo tomar. Foi naquele instante que eu decidi voltar. Não foi pena de você, foi por pena de mim. Foi naquele instante que eu percebi que nascemos para ficar juntos. 

Fiquei sentada no banco da praça por um tempo, olhando para o nada, perguntando se aquelas pessoas que andavam de um lado para o outro tinham um companheiro em suas vidas. Se elas tinham algo que preenchesse os seus vazios ou que esvaziasse suas cabeças carregadas. Eu tinha você. E fui capaz de te deixar sem a menor explicação.

Só quem já teve esse repente na vida sabe o que é! Dizem que é preciso ser corajoso para fazer uma maldade dessas com alguém. Eu digo que é preciso ser corajoso demais para fazer uma maldade dessas consigo. Estar confuso demais para ir e resolvido demais para voltar. Ir e voltar são igualmente importantes. A dor da culpa não é menor que a dor da perda.

Cheguei em silencio. Sem graça, sem jeito e sem saber direito por onde começar. A sala vazia, o silencio do lugar, aquela poeira que pairou em tudo desde que eu fui. Parece que o tempo parou quando eu fechei a porta. O meu copo d'água pelo meio, a fresta da cortina do jeito que eu gosto e este nó na minha garganta que não me permite dizer mais nada.

O que eu fiz com você, meu querido Palavras, eu o fiz comigo mesma. Permita-me sentar e dizer que eu estou de volta.
...E o resto, construiremos tudo de novo.

Leila Rodrigues

Imagem: Internet